quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

MANIFESTAÇÃO MEDIÚNICA

Introdução:

Que a Lei se Cumpra.

Moises, o profeta de Israel, ensimesmara-se!

Revia os anos em que, sob os olhos fraternais de Termutis, repletara o próprio coração de noções espirituais divinizadas, auridas de almas enobrecidas e grandiosas, e sentira o impulso de difundir aquelas preciosas intuições a todos o povos.

No entanto, à sua volta, os homens que conduzia pelos desertos em busca da terra da Promissão, acolhiam a iniciação espiritual que lhes ofertava o legislador hebreu com um capricho de crianças.

Indagar os mortos...

As aspirações de seus conduzidos ainda estavam no nível do dia a dia, sem que uma luz maior lhes florescesse no intimo e, não raro, os surpreendia em colóquios impróprios com os Espíritos, aviltando o intercambio entre as duas esferas de nosso Mundo, o carnal e a espiritual.

Nessa pratica, laços comprometedores eram criados!

Almas enceguecidas pelo egoísmo e pelo orgulho, distante das regiões celestiais, apropriava-se dos umbrais mediúnicos e espargiam as suas fantasias e as suas afirmações malsãs, assenhoreando-se emocionalmente das criaturas que se deixavam amornar em seus trabalhos e nas lutas ásperas e edificantes e passavam, então, a aguardar que os visitantes invisíveis viessem isenta-los de seus deveres.

Oh! Como era diverso dos templos do Egito!

Naqueles círculos de iniciação se aspirava o Bem...

O vento morno do deserto quebrou-lhe a reflexão.

Sorgueu-se de alma doida.

Olhos profundos, contudo, espelhando um ânimo inquebrantável e mente em simbiose com os Espíritos que presidiam o extraordinário amadurecimento de toda uma raça, sob o sol causticante e as noites gélidas...

E incisivo afirmou, com sua autoridade de condutor:

- Que ninguém interrogue os mortos para saber a verdade!

Era um preceito de sua lei.

Séculos mais tarde.

O marulho de brandas ondas...

E, no perfume das ervas orvalhadas, às margens do lago de Genesaré, que recolhia as águas do generoso rio Jordão, Jesus se destacara esclarecendo as multidões:

Não vim destruir a Lei. Vim dar-lhe cumprimento.
Após a prédica, a tarde caíra serena.

E uma noite amantilhada de estrelas que envolviam a face da Terra em meiga claridade se fizera, atapetando de cinza as veredas e escarpas por onde palmilharam os discípulos do Rabi da Galiléia, seguindo o Mestre até o Monte Tabor.

No sopé da elevação, Jesus destacava três amigos.

O reduzido quarteto tomara distancia dos demais, atingindo o cume do monte e, no seio da vegetação abundante e à sombra do arvoredo que se alteava juvenil em direção da abóbada celeste, adentraram em oração silenciosa.

Tudo era expectação!

Uma como voz lhes ciciava no âmago:

Cumpre restabelecer a Lei.
E, ante os olhos atônitos dos apóstolos, Jesus se ilumina, fulgurante e belo, enluarando as suas próprias vestes e transbordando olores e magnetismo, enquanto o Espírito do próprio Moises rompe as barreiras que erguera pelo Deuteronômio separando os dois Mundos e retorna do Além para falar diretamente com Jesus e com os que o acolitavam na imortal materialização do Tabor.

Era a maioridade espiritual de nossa Humanidade.

As rédeas de nosso destino nos eram devolvidas, tornando-se de nosso alcance o que anteriormente se fizera conquista de apenas alguns poucos Espíritos que houveram traçado a sua ascensão em outros orbes do Universo.

Moisés revogava o seu decreto.

A sua lei transitória, que se cumprira na Terra enquanto éramos pequeninos de entendimento, fora inteiramente abolida pelo seu próprio autor e um novo estagio de relações espirituais se fundara entre o mundo visível e o invisível, tendo Jesus à frente, consagrando a mediunidade como uma benção divina, quando nos elevamos no Tabor de nossas existências na busca de nossos Irmãos Maiores.

E o Espiritismo torna rediviva a mediunidade crista. (Extraído do Livro "Desenvolvimento Mediúnico" de Roque Jacinto, 2.ª Edição, Págs., 11 a 14.


Ä MEDIUNIDADE

Acena-nos a antiguidade terrestre com brilhantes manifestações mediúnicas, a repontarem da História.

Discípulos de Sócrates referem-se, com admiração e respeito, ao amigo invisível que o acompanhava constantemente.

Reporta-se Plutarco ao encontro de Bruto, certa noite, com um dos seus perseguidores desencarnados, a visitá-lo, em pleno campo.

Em Roma, no templo de Minerva, Pausânias, ali condenado a morrer de fome, passou a viver, em Espírito, monoideizado na revolta em que se alucinava, aparecendo e desaparecendo aos olhos de circunstantes assombrados, durante largo tempo.

Sabe-se que Nero, nos últimos dias de seu reinado, viu-se fora do corpo carnal, junto de Agripina e de Otávia, sua genitora e sua esposa, ambas assassinadas por sua ordem, a lhe pressagiarem a queda no abismo.

Os Espíritos vingativos em torno de Calígula eram tantos que, depois de lhe enterrarem os restos nos jardins de Lâmia, eram ali vistos, freqüentemente, até que se lhe exumaram os despojos para a incineração.

Todavia, onde a mediunidade atinge culminâncias é justamente no Cristianismo nascituro.

Toda a passagem do Mestre inesquecível, entre os homens, é um cântico de luz e amor, externando-lhe a condição de Medianeiro da Sabedoria Divina.

E, continuando-lhe o ministério, os apóstolos que se lhe mantiveram leais converteram-se em médiuns notáveis, no dia de Pentecostes (2) Atos, 2:1 – 13, quando associados as suas forças, por se acharem "todos reunidos", os emissários espirituais do Senhor, através deles, produziram fenômenos físicos em grande cópia, como sinais luminosos e vozes diretas, inclusive fatos de psicofonia e xenoglossia, em que os ensinamentos do Evangelho foram ditados em varias línguas, simultaneamente, para os israelitas de procedências diversas.

Desde então, os eventos mediúnicos para eles se tornaram habituais.

Espíritos materializados libertavam-nos da prisão injusta. (3) Atos, 5:18 – 20.

O magnetismo curativo era vastamente praticado pelo olhar (4) Atos, 3:4 – 6, e pela imposição das mãos. (5) Atos, 9:17.

Espíritos sofredores eram retirados de pobres obsessos, aos quais vampirizavam. (6) Atos, 8:7.

Um homem objetivo e teimoso, quanto Saulo de Tarso, desenvolve a clarividência, de um momento para outro, vê o próprio Cristo, às portas de Damasco, e lhe recolhe as instruções (7) Atos, 9:3 – 7. E porque Saulo, embora corajoso, experimenta enorme abalo moral, Jesus, condoído, procura Ananias, médium clarividente na aludida cidade, e pede-lhe socorro para o companheiro que encetava a tarefa. (8) Atos, 9:10 – 11.

Não sòmente na casa dos apóstolos em Jerusalém mensageiros espirituais prestam contínua assistência aos semeadores do Evangelho; igualmente no lar dos cristãos, em Antioquia, a mediunidade opera serviços valiosos e incessantes. Dentre os médiuns aí reunidos, um deles, de nome Agabo (9) Atos, 11:28. Incorpora um Espírito benfeitor que realiza importante premonição. E nessa mesma igreja vários instrumentos medianímicos favorecem a produção da voz direta, consignando expressiva incumbência a Paulo e Barnabé. (10) Atos, 13:1 – 4.

Em Tróade, o apostolo da gentilidade recebe a visita de um varão, em Espírito, a pedir-lhe concurso fraterno. (11) Atos, 16:9 – 10.

E, tanto quanto acontece hoje, os médiuns de ontem, apesar de guardarem consigo a Benção Divina, experimentam injustiça e perseguição. Quase por toda à parte, padeciam inquéritos e sarcasmos, vilipêndios e tentações.

Logo no inicio das atividades mediúnicas que lhes dizem respeito, vêem-se Pedro e João segregados no cárcere. Estevão é lapidado. Tiago, o filho de Zebedeu, é morto a golpes de espada. Paulo de Tarso é preso e açoitado varias vezes.

A mediunidade, que prossegue fulgindo entre os mártires cristãos, sacrificados nas festas circenses, não se eclipsa, ainda mesmo quando os ensinamentos de Jesus passam a sofrer estagnação por impositivos de ordem política. Apenas há alguns séculos, vimos Francisco de Assis exalçando-a em luminosos acontecimentos; Lutero transitando entre visões; Teresa d’Ávila em admiráveis desdobramentos; José de Copertino levitando ante a espantada observação do papa Urbano VIII, e Swedenborg recolhendo, afastado do corpo físico, anotações de vários planos espirituais que ele próprio filtra para o conhecimento humano, segundo as concepções de sua época.

Compreendemos, assim, a validade permanente do esforço de André Luiz, que, servindo-se de estudos e conclusões de conceituados cientistas terrenos, tenta, também aqui (12) (sobre o tema desta obra, André Luiz é o autor de outros livros, intitulado "Nos Domínios da Mediunidade"). – (Nota da Editora). Colaborar na elucidação dos problemas da mediunidade, cada vez mais inquietantes na vida conturbada do mundo moderno.

Sem recomendar, de modo algum, a prática do hipnotismo em nossos templos espíritas, a ele recorre, de escantilhão, para fazer mais amplamente compreendidos os múltiplos fenômenos da conjugação de ondas mentais, além de com isso demonstrar que a força magnética é simples agente, sem ser causa das ocorrências medianímicas, nascidas, invariavelmente, de espírito para espírito.

Em nosso campo de ação, temos livros que consolam e restauram, medicam e alimentam, tanto quanto aqueles que propõem e concluem, argumentam e esclarecem.

Nesse critério, surpreendemos aqui um livro que estuda.

Meditemos, pois, sobre suas páginas.

Emmanuel

Uberaba, 6 de agosto de 1959.



Ä MANIFESTAÇÃO MEDIÚNICA – AS VÁRIAS FASES DO FENÔMENO.

Em todo tipo de fenômeno mediúnico ocorrem certas fases que podemos considerar como fundamentais e, dependendo da categoria do fenômeno, acontecem particularidades que lhe são próprias. Seja o fenômeno mediúnico de efeitos inteligentes, psicografia ou psicofonia, seja consciente ou inconsciente, mecânico ou intuitivo, sempre ocorre fases que podem ser esquematicamente assim estudadas:

Ä FASE DE AFINIDADE FLUÍDICA E ESPIRITUAL:

Antes de ocorrer um fenômeno, é o médium sondado psiquicamente para avaliar a sua capacidade vibratória, em obediência a lei da combinação fluídica. No caso em que a entidade passe a se comunicar com freqüência, surge a afinidade espiritual, que depende da posição evolutiva do espírito comunicante, e a do médium. Às vezes, dependendo do tipo de atividade mediúnica, o espírito do médium, em desdobramento natural durante o sono, dias antes do trabalho mediúnico, é levado pelos mentores espirituais a tomar contato com a entidade que deverá receber mediunicamente, para evitar choques inesperados durante a reunião, o que poderia ocasionar desequilíbrio vibratório momentâneo ou demorado, impedindo-o de alcançar os objetivos desejados. Isso ocorre com freqüência com médiuns que colaboram nos trabalhos de desobsessão.

Ä FASE DE APROXIMAÇÃO DA ENTIDADE:

É a seqüência natural da fase anterior, só que ocorre no recinto do trabalho mediúnico como preparação do médium para a tarefa. Pode ocorrer que antes da sessão o médium sinta a influencia espiritual, mas deverá controlar-se para evitar o transe fora de ocasião oportuna, que é a do trabalho propriamente dito. Geralmente sentirá os fluidos próprios da entidade, cabendo-lhe o trabalho de analisa-los e, conforme conhecimento anterior absorve-lo ou rechaça-los.

Ä FASE DA ACEITABILIDADE DO ESPÍRITO COMUNICANTE PELO MÉDIUM:

Ativamente o médium começa a vibrar, procurando se afinizar melhor com a mente do Espírito desencarnado. Manter-se-á calmo, confiante e seguro, certo de que nada de mau lhe acontecerá porque o equilíbrio do grupo é uma segurança. Sentirá os seus pensamentos serem dirigidos por uma força estranha e aos poucos terá vontade de falar ou de escrever, ou apenas ficará na expectativa de novas associações mentais; poderá se sentir diferente, como se fosse outra pessoa, ver mentalmente outros lugares, ter sensações diferentes que viverão com maior ou menor intensidade.

Ä FASE DE INCORPORAÇÃO MEDIÚNICA:

É falsa a idéia de que o desencarnado para se comunicar entra no corpo do médium. O que ocorre são assimilação de correntes fluídicas e mentais numa associação perfeita, denominada de sintonia vibratória. Os centros cerebrais do perispírito e os do corpo do médium são estimulados pelas forças fluídicas e mentais da entidade comunicante e quando há associação, ocorrendo então o fenômeno da "incorporação". O médium incorpora as idéias, vivencias e sentimentos da entidade comunicante e os transmite conforme a faculdade que possui (intuição, psicofonia, etc.). É natural que nessa fase o médium se sinta diferente, com sensações anormais, sudorese, amortecimentos, respiração ofegante, tremores, nervosismo, etc. O controle das reações orgânicas deverá surgir graças a confiança e a serenidade alcançadas com um bom treinamento mediúnico.

Ä Bibliografia: Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, "Palavras da Vida Eterna", Cap. 42; Idem, "Caminho, Verdade e Vida", Cap. 10; Martins Peralva, "Estudando a Mediunidade", Cap. 10. Livro "Desenvolvimento Mediúnico" de Roque Jacinto, 2.ª Edição, Págs., 11 a 14. Livro "Mecanismos da Mediunidade. Pelo Espírito André Luiz, Psicografia de Francisco Cândido Xavier, Pgs, 13 a 16. Apostila nº 06 do COEM, 16. ª Sessão de Exercício Prático".

1 comentário:

google disse...

no capitulo 20 vers.19-20-21-22 diz :Jesus soprou o Espirito Santo nos apostolos e disse:Aqueles a quem perdoardes os pecados serão perdoados e aqueles a quem retiverdes serão retidos. Gostaria se o ser humano pode perdoar os pecados diferente da Doutrina Espirita.