Introdução – O Trabalho de Desobsessão iniciou-se com Jesus:
Nos ensina o Espírito Emmanuel, no seu Livro "Pão Nosso", psicografado por Francisco Cândido Xavier, que "O tratamento de obsessões (...) não é trabalho excêntrico, em nossos círculos de fé renovadora. Constitui simplesmente a continuidade do esforço de salvação aos transviados de todos os matizes ((fig.) facção - parte dissidente de um grupo.) começado nas luminosas mãos de Jesus".
Antes Dele, os obsessos (obsidiados) eram marginalizados e objeto de curiosidade e temor. Isolados pelos próprios familiares, padeciam as constrições (constrição - s. f. Ato ou efeito de constringir; pressão circular que faz diminuir o diâmetro de alguma coisa; aperto. (Do lat. constrictione.) impostas pela presença do perseguidor invisível que, em muitos casos, os submetiam à sua vontade.
Ele, porém, trouxe a lição do amor como remédio e como alimento para os doentes e depauperados (verbo depauperar - v. tr. dir. Tornar pobre; esgotar os recursos ou as forças de; extenuar; pr. enfraquecer-se; extenuar-se. (Do lat. depauperare.) da alma, estendendo o seu cuidado amoroso aos que eram tidos como loucos incuráveis e, como tais, banidos da comunidade.
Atraídos pelo sublime magnetismo do Mestre, vinham à sua presença, sentindo instintivamente que nEle encontrariam o alívio e a libertação, ou eram conduzidos por familiares piedosos que igualmente pressentiam nEle a possibilidade de cura.
O Espírito Amélia Rodrigues, narra no seu Livro "Primícias do Reino", psicografado por Divaldo Pereira Franco, a passagem em que Jesus explica aos discípulos o motivo pelo qual não haviam conseguido "expulsar o espírito imundo", tendo dito: "Esta casta não pode sair com coisa alguma, a não ser com oração e jejum."
"Diante, pois, deles – possessos e possessores – só a oração do amor infatigável e o jejum das paixões consegue mitigar (v. tr. dir. Abrandar, amansar; suavizar, adoçar, aliviar; diminuir, atenuar: mitigar o rigor dos castigos; acalmar; pr. aliviar-se, abrandar, ceder. (Do lat. mitigare.) a sede em que se entredevoram, entregando-os aos trabalhadores da Obra de Nosso Pai, que em toda parte estão cooperando com o Amor, incessantemente."
E conclui Jesus, segundo a narrativa do Espírito Amélia Rodrigues: "Se amardes ao invés de detestardes, se desejardes socorrer e não apenas os expulsardes, tudo fareis, pois que tudo quanto eu faço podeis fazê-lo e muito mais, se o quiserdes..."
O trabalho de desobsessão se iniciou, pois, com Jesus, indicando o Excelso Amigo todo o processo terapêutico a ser empregado dali por diante. A lição ficaria ecoando pelos tempos afora , ensinando aos homens que somente através da prece e da reforma íntima conseguiriam a libertação para os graves padecimentos das obsessões.
Depois de longo espaço de tempo, veio o Espiritismo – o Consolador prometido por Jesus – reavivar a luz das lições do Cristo, retirando-a de sob o alqueire das fantasias, que ocultava a Verdade, de acordo com as conveniências e as circunstâncias do poder temporal. Assim, estamos dando continuidade àquele trabalho bendito que as luminosas mãos de Jesus iniciaram.
Convocados ao jejum das paixões, estamos exercitando a auto-desobsessão e porfiando (verbo porfiar - v. tr. ind. teimar; insistir; competir: porfiar em certames literários ou esportivos. (Do lat. hip. perfidiare.) pela mudança de nosso próprio clima mental, pela nossa própria transformação moral.
O Espiritismo, portanto, orienta o tratamento das obsessões, abre novo entendimento acerca do obsessor e obsidiado e demonstra o quanto é importante a participação do enfermo como condição básica para o êxito do tentame (s. m. Tentativa; ensaio. (Do lat. tentamen.), em qualquer tempo em que esse se realize.
"Assim como as enfermidades resultam das imperfeições físicas que tornam o corpo acessível às perniciosas influências exteriores, a obsessão decorre sempre de uma imperfeição moral, que dá ascendência a um Espírito mau. A uma causa física, opõe-se uma força física; a uma causa moral preciso é se contraponha uma força moral". (A Gênese – Cap. XIV – 46).
Ä Os Meios de combater a Obsessão:
"Os meios de se combater a obsessão variam, de acordo com o caráter que ele reveste. Não existe realmente perigo para o médium que se ache bem convencido de que está a haver-se com um Espírito mentiroso, como sucede na obsessão simples; esta não passa então de fato desagradável. Mas, precisamente porque lhe é desagradável, constitui uma razão de mais para que o Espírito se encarnice (verbo encarniçar - v. tr. dir. Deitar carne a (os cães) para os tornar ferozes; empregado no sentido de: excitar, irritar; pr. assanhar-se ou enraivecer-se; cevar-se.) em vexá-lo. Duas coisas essenciais se têm que fazer nesse caso: provar ao Espírito que não está iludido por ele e que lhe é impossível enganar; depois, cansar-lhe a paciência, demonstrando paciência para com ele. Desde que se convença de que está a perder o tempo, retirar-se-á, como fazem os importunos a quem não se dá ouvidos". (O Livro dos Médiuns – Cap. XXIII – 249).
..."Muito diverso é o que se dá com a fascinação, porque então não tem limites o domínio que o Espírito assume sobre o encarnado de quem se apoderou. A única coisa a fazer-se com a vítima é convence-la de que está sendo ludibriada e reconduzir-lhe à situação de obsessão simples. Isto, porém, nem sempre é fácil, dado que algumas vezes não seja mesmo impossível. Pode ser tal o ascendente do Espírito, que torne o fascinado surdo a toda sorte de raciocínio, podendo chegar até, quando o Espírito comete alguma grossa heresia científica, a pô-lo em dúvida sobre se não é a ciência que se acha em erro". (O Livros dos Médiuns – Cap. XXIII - 250).
"A subjugação corporal tira muitas vezes ao obsidiado a energia necessária para dominar o mau Espírito. Daí o tornar-se precisa a intervenção de um terceiro, que atue, ou pelo magnetismo, ou pelo império da sua vontade. Em falta do concurso do obsidiado, essa terceira pessoa deve tomar ascendente sobre o Espírito; porém, como este ascendente só pode ser moral, só a um ser moralmente superior ao Espírito é dado assumi-lo e seu poder será tanto maior, quanto maior for a sua superioridade moral, porque, então, se impõe àquele, que se vê forçado a inclinar-se diante dele". (O Livros dos Médiuns – Cap. XXIII - 251).
Para que o obsidiado possa se prevenir contra a obsessão, há a necessidade do fortalecimento de sua alma.
Ä Condições de Ajuda e Auto-ajuda no Tratamento Desobsessivo:
O valor da prece
A necessidade da reforma interior
A ação do pensamento
O Poder da vontade
a) – O Valor da Prece:
"Em todos os casos de obsessão, a prece é o mais poderoso meio de que se dispõe para demover (v. tr. dir. e tr. dir. e ind. Deslocar; fazer renunciar a uma pretensão; dissuadir: demover de um propósito; pr. deslocar-se. (Do lat. demovere.) de seus propósitos maléficos o obsessor". (Gênese – Cap. XIV – 46).
Cumpre conscientizar o paciente, sob os cuidados da equipe da desobsessão, da importância da prece no seu tratamento.
O ensinamento de como conversar com o Amigo Divino, de como se entregar a Ele pela prece nascida do sentimento mais puro.
Falar da importância e do valor da oração, levar as pessoas a entender que elas têm capacidade e possuem recursos interiores que, se acionados, lhes possibilitarão a sintonia com o alto.
Da mesma forma todos podem e devem colaborar através do concurso das orações, consoante, inclusive, com o que nos aconselha o Apóstolo Tiago: "Orai uns pelos outros, a fim de que sareis, porque a prece da alma, justa muito pode em seus efeitos."
b) – A necessidade da Reforma Interior:
"(...) É, pois, indispensável que o obsidiado faça, por sua parte, o que se torne necessário para destruir em si mesmo a causa da atração dos maus Espíritos." – O Livro dos Espíritos, questão 479.
Um mal existente a muitos anos, há séculos mesmo, não se resolve de súbito.
Hábitos de ódio, de revolta, de vingança; condicionamentos de modos de proceder egoísticos e cruéis, sentimentos que foram cultivados, às vezes, durante séculos, somente se transformarão no momento em que, cansados de sofrer, de se machucar nos espinheirais do caminho, forem os irmãos conquistados pelas forças suaves e persuasivas do Bem e do Amor.
A transformação moral é luz que se acende, é o chamado que repercute, é o romper dos primeiros elos que nos manietavam (verbo manietar - v. tr. dir. Maniatar; tr. ind. prender, ligar, amarrar.) ao jugo das servidões inferiores.
A moralização íntima é condição essencial para a cura tanto do algoz quanto da vítima.
c) – A Ação do Pensamento:
Nos ensina o Espírito Emmanuel, no livro "Pão Nosso", psicografado por Francisco Cândido Xavier, que: "Pensar é criar. A realidade dessa criação pode não exteriorizar-se, de súbito, no campo dos efeitos transitórios, mas o objeto formado pelo poder mental vive no mundo íntimo, exigindo cuidados especiais para o esforço de continuidade ou extinção."
Obsessão e desobsessão: escravização e libertação do pensamento. Ensinamento extraordinário que a Doutrina Espírita lega à Humanidade.
O nosso pensamento estagiou por milênios em faixas primitivas. Aos poucos, fomos vagarosamente imprimindo-lhe nova direção. Os sucessivos aprendizados enriqueceram a nossa mente com experiência diversas e nossa emissão mental se aprimorou. Mesmo assim, demoramos a entender que o controle de nosso pensamento é de nossa exclusiva responsabilidade. E essa nova compreensão é decisiva em nosso destino.
De acordo com o que pensamos serão as nossas companhias espirituais e, parodiando o dito popular, diremos: "dizes-me o que pensas e te direi com quem andas..."
Esse é o notável ensinamento que a Doutrina Espírita nos apresenta.
Pelo pensamento, desceremos aos abismos ou chegaremos às estrelas. Pelo pensamento nós nos tornamos escravos ou nos libertamos.
A obsessão é, pois, o pensamento a transitar e a sintonizar nas faixas inferiores.
Desobsessão ao invés, é a mudança de direção do pensamento para rumos nobres e construtivos. É a mudança do padrão vibratório, sob o influxo da mente, que optou pela freqüência mais elevada.
Essa mudança é uma questão de escolha. De seleção.
E só se chega a tal estado, a uma transformação dessa espécie, acionando-se uma das maiores potencialidades que existe no ser humano: a Vontade.
d) – O Poder da Vontade:
Allan Kardec, em "O Livros dos Médiuns", item 131, assevera que: "(...) A vontade não é um ser, uma substância qualquer: Não é, sequer, uma propriedade da matéria mais etérea que exista. A vontade é atributo essencial do Espírito, isto é, do ser pensante."
Até hoje o ser humano não se preocupou o suficiente, ou não despertou para essa incrível força que traz no imo d’alma (íntimo da alma): A Vontade.
Acostumou-se sim a ter "má-vontade" para tudo o que dá mais trabalho e que exige perseverança, esforço e abnegação.
Aos que padecem de problemas obsessivos, deve-se-lhes esclarecer o quanto é essencial a sua própria participação no tratamento e que deles mesmo dependerá, em grande parte, o êxito ou o insucesso em alcançar a cura.
A primeira providência será no sentido de mudar a direção dos pensamentos. Modificar o estado mental é arejar a mente, higienizando-a através de pensamentos sadios, otimistas, edificantes. É substituir as reflexões depressivas, mórbidas (mórbido - adj. Relativo a doença; doentio; enfermo; lânguido; enervante. (Do lat. morbidu.), que ressumam (verbo ressumar ou ressumbrar - (fig.) revelar-se; transparecer.) tédio, solidão e tristeza por pensamentos contrários a esse estado interior, num exercício constante, que se renova a cada dia, aprendendo a olhar a vida com olhos otimistas, corajosos e, sobretudo, plenos de esperança. É abrir as janelas da alma através da prece, permitindo que um novo sol brilhe dentro de si mesmo, gerando um clima interior que favoreça a aproximação de Espíritos Bondosos. Isso só será possível mobilizando a vontade, que segundo esclarece o Espírito Emmanuel, no seu Livro "Pensamento e Vida", psicografado por Francisco Cândido Xavier, "é o impacto determinante. Nela dispomos do botão poderoso que decide o movimento ou a inércia da máquina."
Na vontade do nosso próprio "eu" está o controle que dirige a energia mental, encaminhando-a para determinado rumo, e de acordo ainda com o Espírito Emmanuel – e isso é muito importante neste nosso estudo -, "embora a mente venha a sintonizar com pensamentos emitidos por outras pessoas, a vontade pode impor disciplina íntima, dirigindo e mantendo firmes os pensamentos na direção do bem."
A vontade é, pois, o comando geral da nossa existência. Ela é a manifestação do ser como individualidade, no uso do seu livre-arbítrio. Temos a liberdade de escolher, de optar, mas só o fazemos quando usamos a vontade.
A conscientização do enfermo, para este ponto é fundamental, para que ele compreenda a sua participação no processo de desobsessão, na sua auto-desobsessão, enquanto simultaneamente se realizam os trabalhos desobsessivos nas Casas Espíritas, nas reuniões especializadas. Quando o paciente apresenta condições, todas as prerrogativas que a Doutrina apresenta devem ser gradualmente ministradas, lembrando-se de que essa é uma tarefa que demanda tempo e paciência, perseverança e amor.
Ä Trabalhos de Desobsessão:
A ação desobsessiva se reveste de atividades várias que têm por finalidade o reajustamento dos participantes do processo em questão. Assim, encontramos as diretrizes básicas para nos lançarmos à empreitada desobsessiva em a Gênese Cap. XIV, item 46, que afirma: "Nos casos de obsessão grave, o obsidiado fica como que envolto e impregnado de um fluido pernicioso, que neutraliza a ação dos fluidos salutares e o repele. É daquele fluido que importa desembaraça-lo. Ora, um fluido mau não pode ser eliminado por outro igualmente mau. Por meio de ação idêntica à do médium curador, nos casos de enfermidades, preciso se faz expelir um fluido mau com o auxílio de um fluido melhor". Eis os trabalhos de passes ou os denominados de "Fluidoterapia", que têm essa ação mecânica" (Essa ação mecânica, seria a renovação dos fluidos maléficos, por fluidos bons).
"Nem sempre, porém, basta esta ação mecânica; cumpre, sobretudo, atuar sobre o ser inteligente, ao qual é preciso se possua o direito de falar com autoridade, que, entretanto, falece a quem não tenha superioridade moral. Quanto maior esta for, tanto maior também será aquela". É a doutrinação do obsidiado através de palestras, aulas, exposições evangélicas e o clima fraterno, que o faça buscar, através dos exemplos vivos, sua renovação espiritual.
"Mas, ainda não é tudo: para assegurar a libertação da vítima, indispensável se torna que o Espírito perverso seja levado a renunciar aos seus maus desígnios; que se faça que o arrependimento desponte nele, assim como o desejo do bem, por meio de instruções habilmente ministradas, em evocações particularmente feitas com o objetivo de dar-lhe educação moral. Pode-se então ter a grata satisfação de libertar um encarnado e de converter um Espírito imperfeito". (Observamos que, atualmente, não se utilizam mais as práticas de "evocação"; os Espíritos são naturalmente trazidos/conduzidos às sessões, pela espiritualidade amiga, para o diálogo/orientações fraternas). É o denominado trabalho de desobsessão em que se tem a oportunidade de caridosamente e com energia, fazer-se a tentativa do despertamento do obsessor para a lei de amor e de perdão.
Algumas Regras Práticas para o Trabalho de Desobsessão:
1 – Não se deve realizar sessão de doutrinação do obsessor com o obsidiado presente, pois o esquecimento do passado por parte do encarnado é fator favorável à solução do processo obsessivo. Caso contrário, o obsidiado saberá para onde e a quem dirigir sua revolta pelo sofrimento que passa, ligando-se, unindo-se ainda muito mais ao seu perseguidor.
2 – Quando o obsidiado compreende a sua situação e concorre com sua vontade e preces, para sua libertação, o trabalho se torna menos difícil.
3 – Nunca revelar situações do passado, esclarecidas durante a sessão, ao obsidiado, mas, sim, de posse desses esclarecimentos, buscar orienta-lo no sentido de vencer os pendores negativos.
4 – Nunca tomar o obsidiado como pobre vítima e o obsessor como cruel algoz; mas, sim, encarar o processo como merecedor de todo o amor fraternal, e considerar tanto o obsessor como o obsidiado, irmãos desequilibrados, necessitados de correção enérgica e amparo caridoso.
5 – Somente lançar-se à empreitada do Trabalho de Desobsessão, se contar com grupo de médiuns capacitados, harmonizados, conhecedores da Doutrina e de ilibada (ilibado - adj. Não tocado; não manchado: caráter ilibado; puro; incorrupto; reabilitado. (Part. de ilibar.) condição moral.
6 – Na doutrinação estar sempre alerta às sutilezas dos Espíritos obsessores, que sabem muitas vezes de sua condição de Espíritos desencarnados, como e quando devem agir, mas, muitas vezes, obrigados a comparecer aos trabalhos de doutrinação, fingem estar no estado de perturbação espiritual "post-mortem", e não saberem da sua morte física, buscando embair (v. tr. dir. Enganar, seduzir; induzir em erros com imposturas. (Conjuga-se como falir.) o doutrinador.
7 – Esclarecer o obsidiado que consegue os favores dos Amigos Espirituais para sua libertação das teias da obsessão, da necessidade premente (adj. 2 gên. Que preme, que faz pressão; (bras.) urgente. (Do lat. praemente.) e permanente de continuar orientando sua vida, num constante crescer, no sentido da elevação moral, para conseguir, realmente, tornar-se inatingível pelos Espíritos imperfeitos.
8 – Ao obsidiado e à sua família, esclarecer que Espiritismo é muito mais que a chave para a solução de seus problemas espirituais imediatos, mas, e principalmente, é roteiro de luz para a vida inteira.
Atividades paralelas/complementares ao Trabalho de Desobsessão:
Esclarecimento ao obsidiado
Fluidoterapia
Orientações à família do obsidiado
Culto do Evangelho no Lar
a) – Esclarecimento ao Obsidiado:
Esclarece o Espírito Manoel Philomeno de Miranda, na obra "Sementeira da Fraternidade", psicografada por Divaldo Pereira Franco, que: "Seja, todavia, qual seja o recurso utilizado no socorro ao padecente do flagelo obsessivo, somente o obsidiado pode oferecer o indispensável requisito para a própria saúde: reforma íntima."
Esclarecer o obsidiado é fazê-lo sentir o quanto é essencial a sua participação no tratamento. É orientá-lo dando-lhe uma visão gradativa, cuidadosa, do que representa em sua existência aquele que é considerado o obsessor.
É levantar-lhe as esperanças, se estiver deprimido; é transmitir-lhe a certeza de que existem dentro dele recursos imensos que precisam ser acionados pela vontade firme para que venham a eclodir, revelando-lhe facetas da própria personalidade até então desconhecidas para ele mesmo. É ir aos poucos conscientizando-lhe das responsabilidades assumidas no pretérito e que agora são cobradas através do irmão infeliz que se erigiu (verbo erigir - v. tr. dir. e ind. levantar, erguer; arvorar, transformar; pr. fazer-se de; constituir-se. (Do lat. erigere.) em juiz, cobrador ou vingador.
Para que os esclarecimentos possam ser levados ao enfermo encarnado é imprescindível que os encarregados dessa tarefa tragam no coração grande dose de amor, de paciência, de fé, a fim de que tais sentimentos por ele captados, pois sentindo-se envolvido, percebendo que ao seu lado estão companheiros que o entendem e o estimam e que estão dispostos a ajudá-lo, sentir-se-á mais confiante e com maior predisposição para realizar sua própria reforma interior.
Nunca é demais enfatizar-se: esse é um labor fundamentalmente embasado no AMOR. Se não houver este sentimento, se não houver a verdadeira caridade impulsionando a equipe, não haverá proveito e nem mesmo existirá uma equipe de desobsessão, na acepção que conferimos ao termo.
O esclarecimento será feito através de conversações, de reuniões adequadas, de palestras, de leitura de obras espíritas indicadas pela equipe, entendendo-se que para cada caso serão adotadas as medidas compatíveis.
Quando o paciente não apresentar condições para o esclarecimento, ainda assim devemos conversar com ele, quando houver ensejo (por exemplo antes do passe) e usando uma abordagem apropriada ao caso. Isto é importante e traz bons resultados para o enfermo, e é o que nos aconselha o Espírito Manoel Philomeno de Miranda em sua obra "Grilhões Partidos", psicografada por Divaldo Pereira Franco, explicando que eles devem ser orientados "através de mensagens esclarecedoras ao subconsciente, pela doutrinação eficaz, conclamando-o ao despertamento, do que dependerá sua renovação"
b) – Fluidoterapia:
Repetimos o que se encontra exarado (verbo exarar - v. tr. dir. Entalhar, gravar; escrever; lavrar; registrar, consignar por escrito. (Do lat. exarare.) em "A Gênese", capítulo XIV, item 48: "Nos casos de obsessão grave, o obsidiado fica como que envolto e impregnado de um fluido pernicioso, que neutraliza a ação dos fluidos salutares e os repele. É daquele fluido que importa desembaraçá-lo. Ora, um fluido mau não pode ser eliminado por outro igualmente mau. Por meio de ação idêntica à do médium curador, nos casos de enfermidade, preciso se faz expelir um fluido mau com o auxílio de um fluido melhor"
A fluidoterapia, como o próprio nome indica, é o tratamento feito com fluidos, ou seja, através dos passes e da água fluidificada.
O passe é um ato de amor na sua expressão mais sublimada. É uma doação ao paciente daquilo que o ser encarnado tem de melhor, enriquecido com os fluidos que o seu guia espiritual traz, bem como as demais equipes do plano maior, formando uma única vontade e expressando o mesmo sentimento de amor.
O passe, por isso, traz benefício imediato. O doente, sentindo-se aliviado, mesmo por alguns momentos, terá condições de lutar por sua vez na parte que lhe compete no tratamento
A constância da aplicação da fluidoterapia, aos poucos, proporcionará ao enfermo as energias de que carece e o alívio que tanto busca.
Na terapêutica desobsessiva a fluidoterapia, aliada aos outros recursos que a Doutrina Espírita oferece, proporciona, pois, salutares efeitos.
c) – Orientações à família do obsidiado:
Mais uma vez nos alerta o Espírito Manoel Philomeno de Miranda, no seu Livro "Grilhões Partidos", psicografado por Divaldo Pereira Franco, que: "Vinculados os Espíritos no agrupamento familial pelas necessidades da evolução em reajustamentos recíprocos, no problema da obsessão, os que acompanham o paciente estão fortemente ligados ao fator predisponente, caso não hajam sido os responsáveis pelo insucesso do passado, agora convocados à cooperação no ajustamento das contas."
Não somente o obsidiado dever ser conscientizado da sua participação na terapêutica desobsessiva, mas também os seus familiares precisam ser alertados quanto à sua própria participação no processo.
O problema do obsidiado não é isolado, não é só dele. O seu grupo familiar tem vínculos profundos que os entrelaçam. Por isto, sempre que possível a família deve receber orientações que esclareçam quanto à sua conduta e participação no tratamento do obsidiado.
A Doutrina Espírita fortalece os laços de família, facultando a visão e o entendimento do pretérito e dos liames (liame - s. m. Qualquer coisa que serve para atar ou ligar; ligação; laço; vínculo. (Do lat. ligamen.) que unem os seres de um mesmo grupo consangüíneo, o que resulta em maior conscientização do papel da família e de sua importância no contexto social.
d) – Culto do Evangelho no Lar:
O Espírito Joanna de Ângelis, mentora do médium e conferencista Divaldo Pereira Franco, na sua obra "Messe de Amor" nos faz o nobre convite: "Dedica uma das sete noites da semana ao Culto Evangélico no Lar, a fim de que Jesus possa pernoitar em tua casa. (...) Quando o lar se converte em santuário, o crime se recolhe ao museu. (...) Jesus no lar é vida para o lar".
A excelência da prática do Culto do Evangelho no Lar é sentida desde os primeiros momentos em que é inaugurada.
A reflexão da família em torno dos ensinos do Mestre, as ponderações e comentários, sob o ponto de vista de cada um, são elementos altamente terapêuticos favorecendo a psicosfera do lar.
A oração em conjunto amplia os horizontes mentais e eleva as almas na direção do bem. O clima criado nos instantes do Culto do Evangelho favorece o entendimento e a fraternidade, pois cada um se coloca mais perto do outro e em posição mental receptiva ao amparo dos Benfeitores invisíveis.
Nestes instantes de serena beleza, em que o círculo doméstico se volta para Jesus, os Mensageiros do Bem se acercam do lar e os familiares já desencarnados, que se preocupam em velar pelos que ficaram na crosta terrestre, se aproximam e esparzem (verbo esparzir - v. tr. dir., tr. dir. e ind. e pr. O mesmo que espargir. (Conjugado de preferência nas formas em que ao z se segue e ou i.) – verbo espargir - v. tr. dir. Espalhar ou derramar; irradiar; tr. dir. e ind. espalhar em gotas, em borrifos; pr. derramar-se, difundir-se. (Não se costuma conjugar na 1.ª pess. do sing. do pres. do indic., bem como no pres. do subj.) (Part. reg.: espargido; irreg.: esparso.) (Do lat. spargere.) sobre todos os eflúvios (eflúvio - s. m. Fluido sutil que emana dos corpos organizados; efluência; exalação; emanação; (fig.) fragrância; perfume. (Do lat. effluviu.) de paz, de harmonia e as energias que fluem do Mais Alto retemperam as forças dando o bom ânimo imprescindível ao prosseguimento das lutas cotidianas.
Os familiares do obsidiado (que aceitem a terapêutica espírita) devem ser orientados, tanto quanto ele mesmo – se tiver condições – para adoção desta medida.
Bibliografia:
Kardec, Allan – O Livro dos Médiuns, 2ª. Parte, Cap. XXIII, itens 249, 250, 251. Capítulo VIII, Item 131.
Kardec, Allan - A Gênese, Cap. XIV, item 46.
Kardec, Allan – O Livro dos Espíritos. Questão 479.
Revista Espírita – dezembro de1862; janeiro, fevereiro, abril e maio de1863 e janeiro e fevereiro de 1866.
Schubert, Suely Caldas – Obsessão desobsessão. Cap. I – Tratamento das Obsessões.
Xavier, Francisco Cândido – Pão Nosso. Pelo Espírito Emmanuel, cap. 175.
Xavier, Francisco Cândido – Pensamento e Vida. Pelo Espírito Emmanuel, capítulo 2.
Franco, Divaldo Pereira – Primícias do Reino. Pelo Espírito Amélia Rodrigues. Página 124, 3.ª edição.
Franco, Divaldo Pereira – Sementeira da Fraternidade. Pelo Espírito Manoel Philomeno de Miranda. Capítulo 5.
Franco, Divaldo Pereira – Grilhões Partidos. Pelo Espírito Manoel Philomeno de Miranda – "Prolusão".
Franco, Divaldo Pereira – Messe de Amor. Pelo Espírito Joanna de Ângelis – capítulo 58.
Apostila do COEM – Centro de Orientação e Educação Mediúnica do Centro Espírita Luz Eterna, de Curitiba – 15.ª Sessão Teórica: Obsessão – Meios de combatê-la; Trabalhos de Desobsessão.
Dicionário Brasileiro Globo Multimídia.
quinta-feira, 22 de janeiro de 2009
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1 comentário:
Obrigada pela boa vontade para oferecer estas instruções, são como luz divina na jornada da vida que o nosso Pai me oferece.
Deus os abençoe e ilumine para continuar a valorização e conscientização da eternidade com amor.
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