quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

OS TRABALHOS PRATICOS

Normas para os Trabalhos Práticos. Esquematização Ideal dos Trabalhos Mediúnicos e Doutrinários de um Centro Espírita. Espiritismo e Lar. O culto do Evangelho no Lar.

O Centro Espírita não é o local somente de reuniões mediúnicas levada a efeito por grupos diferentes e alheios entre si.

O Centro Espírita, sobretudo é um local de reunião permanente dos espíritas que a ele acorre com a finalidade de se esclarecer, trabalharem, pondo em prática os ensinamentos doutrinários e conviverem em um clima de real fraternidade, antecipando na terra o ambiente de amor fraternal que forma e sedimenta o laço da chamada “família espiritual”.

O Centro Espírita, pois é o Templo-Lar-Escola-Oficina em que procuramos associar de forma equilibrada os valores espirituais cultivados pelo nosso esforço. Templo, porque nele nos exercitamos na oração e no respeito, cultuando intimamente os valores transcendentais; Lar, porque imbuídos de fraternidade pura, a todos consideramos irmãos, procurando conviver com eles e exaltando na pratica o mais importante dos sentimentos, o sentimento do amor; Escola, porque é aí que vamos aprender o verdadeiro sentido das coisas; é aí que vamos descerrar o véu da ignorância que nos cobre o entendimento acerca das verdades espirituais; é aí que aprendemos a disciplina do estudo em conjunto no qual ninguém busca posições de superioridade no conhecimento, mas em que todos se igualam no esforço da procura e da analise das conceituações doutrinarias. Escola, porém, que não se atém somente à teorização, mas que busca também oferecer a leira do solo para que todos tenham oportunidade do trabalho redentor; portanto, é Escola-Oficina.

Destarte, notamos quão importante é o papel do Centro Espírita representando a célula máter do movimento espírita, reflexo exato de nosso esforço e dedicação em prol do Reino do Bem e o Amor entre as criaturas.

Normas para os Trabalhos Práticos
“As reuniões espíritas oferecem grandíssimas vantagens, por permitirem que os que nelas tomam parte se esclareçam, mediante a permuta das idéias, pelas questões e observações que se façam, das quais todos aproveitam”.

“As reuniões instrutivas apresentam caráter muito diverso e, como são as em que se pode haurir o verdadeiro ensino, insistiremos mais sobre as condições a que devem satisfazer”.

“A primeira de todas é que sejam sérias, na integral acepção da palavra. Importa se persuadam todos que os Espíritos cujas manifestações se desejam são de natureza especialíssima; que, não podendo o sublime aliar-se ao trivial, nem o bem ao mal, quem quiser obter boas coisas, precisa dirigir-se a bons Espíritos. Não basta, porém, que se evoquem bons Espíritos; é preciso, como condição expressa, que os assistentes estejam em condições propicias, para que eles assintam em vir. Ora, a assembléias de homens levianos e superficiais, Espíritos superiores não virão, como não viriam quando vivos”.

“Uma reunião só é verdadeiramente seria, quando cogita de coisas úteis, com exclusão de todas as demais. Se os que a formam aspiram a obter fenômenos extraordinários, por mera curiosidade, ou passatempo, talvez compareçam Espíritos que os produzam, mas os outros daí se afastarão. Numa palavra, qualquer que seja o caráter de uma reunião, haverá sempre Espíritos dispostos a secundar as tendências dos que a componham. Assim, pois, afasta-se do seu objetivo toda reunião séria em que o ensino é substituído pelo divertimento”.

“A instrução Espírita não abrange apenas o ensinamento moral que os Espíritos dão, mas também o estudo dos fatos. Incumbe-lhe a teoria de todos os fenômenos, a pesquisa das causas, a comprovação do que é possível e do que não o é; em suma, a observação de tudo o que possa contribuir para o avanço da ciência. Ora, fora erro, acreditar-se que os fatos se limitam aos fenômenos extraordinários; que só são dignos de atenção os que mais fortemente impressionam os sentimentos. A cada passo, eles ressaltam das comunicações inteligentes e de forma a não merecerem desprezados por homens que se reúnem para estudar”.

“As reuniões de estudo são, além disso, de imensa utilidade para os médiuns de manifestações inteligentes, para aqueles, sobretudo, que seriamente desejam aperfeiçoar-se e que a elas não comparecem dominados por tola presunção de infalibilidade. Constituem um dos grandes tropeços da mediunidade, como já tivemos ocasião de dizer, a obsessão e a fascinação. Eles, pois, podem iludir-se de muito boa-fé, com relação ao mérito do que alcançam e facilmente se concebe que os Espíritos enganadores têm o caminho aberto, quando apenas lidam com um cego. Por essa razão é que afastam o seu médium de toda fiscalização; que chegam mesmo, se for preciso, a faze-lo tomar aversão a quem quer que o possa esclarecer. Graças ao insulamento e á fascinação, conseguem sem dificuldade leva-lo a aceitar tudo o que eles queiram.

“Nunca será demais repetir: aí se encontra não somente um tropeço, mas um perigo, dizemos. O único meio, para o médium, de escapar-lhe é a análise praticada por pessoas desinteressadas e benevolentes que, apreciando com sangue frio e imparcialidade as comunicações, lhe abram os olhos e o façam perceber o que, por si mesmo, ele não possa ver. Ora, todo médium que teme esse juízo já está no caminho da obsessão; aquele que acredita ter a luz feita exclusivamente em seu proveito está completamente subjugado. Se toma a mal as observações, se as repele, se se irrita ao ouvi-las, dúvida não cabe sobre a natureza má do Espírito que o assiste.

“Temos dito que um médium pode carecer dos conhecimentos necessários para perceber os erros; que pode deixar-se iludir por palavras retumbantes e por uma linguagem pretensiosa, ser seduzido por sofismas, tudo na maior boa fé. Por isso é que em falta de luzes próprias, deve ele modestamente recorrer à dos outros, de acordo com estes dois adágios: quatro olhos vêem mais do que dois e – ninguém é bom juiz em causa própria. Desse ponto de vista é que são de grande utilidade para o médium as reuniões, desde que se mostre bastante sensato para ouvir as opiniões que se lhe dêem, porque ali se encontrarão pessoas mais esclarecidas do que ele e que apanharão os matizes, muitas vezes delicados, por onde trai o Espírito a sua inferioridade”.

“Todo médium, que sinceramente deseje não ser joguete da mentira, deve, portanto, procurar produzir em reuniões sérias, levando-lhes o que obtenha em particular, aceitar agradecido, solicitar mesmo o exame crítico das comunicações que receba. Se estiver às voltas com Espíritos enganadores, esse o meio mais seguro de se desembaraçar deles, provando-lhes que não o podem enganar. Aliás, ao médium, que se irrita com a critica, tanto menos razão assiste para semelhante irritação, quanto o seu amor-próprio nada tem que ver com o caso, pois que não é o seu o que lhe sai da boca, ou do lápis, e que mais responsável não é por isso, do que o seria se lesse os versos de um mau poeta.

“Insistimos nesse ponto, porque, assim como esse é um escolho para os médiuns, também o é para as reuniões, nas quais importa não se confie levianamente em todos os intérpretes dos Espíritos. O concurso de qualquer médium obsidiado, ou fascinado, lhe seria mais nocivo do que útil; não devem elas pois, aceita-lo.

“Toda reunião espírita deve, pois, tender para a maior homogeneidade possível. Está entendido que falamos das em que se deseja chegar a resultados sérios e verdadeiramente úteis. Se o que se quer é apenas obter comunicações, sejam estas quais forem, sem nenhuma atenção à qualidade dos que as dêem, evidentemente desnecessárias se tornam todas essas precauções; mas, então, ninguém tem que se queixar da qualidade do produto”.

“Há, ainda outro ponto não menos importante: o da regularidade das reuniões. Em todas, sempre estão presentes Espíritos a que poderíamos chamar freqüentadores habituais, sem que com isso pretendamos referir-nos aos que se encontram em toda parte e em tudo se metem. Aqueles são, ou Espíritos protetores, ou os que mais assiduamente se vêem interrogados”.

“Ninguém suponha que esses Espíritos nada mais tenham que fazer, senão ouvir o que lhes queiramos dizer, ou perguntar. Eles têm suas ocupações e, além disso, podem achar-se em condições desfavoráveis para serem evocados. Quando as reuniões se efetuam em dias e horas certos, eles se preparam antecipadamente a comparecer e é raro faltarem”.

“... Mesmo fora das horas predeterminadas, podem eles, sem dúvida, comparecer e se apresentar de boa-vontade, se é útil o fim objetivado. Nada, porém, mais prejudicial às boas comunicações do que os chamar a torto e a direito, quando isso nos acuda à fantasia e, principalmente, sem motivo sério. Como não se acham adstritos a se submeterem aos nossos caprichos, bem pode dar-se que não se movam ao nosso chamado. É então que ocorre tomarem-lhe outros o lugar e os nomes”.

“Já vimos de quanta importância é a uniformidade de sentimentos, para a obtenção de bons resultados. Necessariamente, tanto mais difícil é obter-se essa uniformidade, quanto maior for o número. Nos agregados pouco numerosos, todos se conhecem melhor e há mais segurança quanto à eficiência dos elementos que para eles entram. O silencio e o recolhimento são mais fáceis e tudo se passa como em família”. (O Livro dos Médiuns, Cap. XXIX, itens 324, 327, 328, 329, 331, 333 e 335.).

Fica claro desta forma que todo e qualquer paramento, vestuário especial, ritual, exterioridades, ambientes adredemente preparados para despertar o mistério ou o misticismo, gesticulações e encenações, são meros adereços que não cabem nas praticas mediúnicas verdadeiramente espíritas.

As reuniões práticas não devem ser públicas.

Há quem aconselhe esse procedimento e acredita que é uma boa forma de doutrinação indireta, pois que, assistindo as manifestações mediúnicas e ouvindo as doutrinações o publico se esclarece e se edifica.

Vejamos a opinião do Codificador do Espiritismo, Allan Kardec:

“Sendo o recolhimento e a comunhão dos pensamentos as condições essenciais a toda reunião seria, fácil de compreender-se que o numero excessivo dos assistentes constitui uma das causas mais contrarias à homogeneidade. Não há, é certo, nenhum limite absoluto para esse número e bem se concebe que cem pessoas, suficientemente concentradas e atentas, estarão em melhores condições do que estariam dez, se distraídas e bulhentas. Mas, também é evidente que quanto maior for o número, tanto mais difícil será o preenchimento dessas condições. Alias, é fato provado pela experiência que os círculos íntimos, de poucas pessoas, são sempre mais favoráveis às belas comunicações, pelos motivos que vimos de expender”. (O Livro dos Médiuns, item 332).

“Uma reunião é um ser coletivo, cujas qualidades e propriedades são a resultante das de seus membros e formam como que um feixe. Ora este feixe tanto mais força terá, quanto mais homogêneo for... Desde que o Espírito é de certo modo atingido pelo pensamento, como nós somos pela voz, vinte pessoas, unindo-se com a mesma intenção, terão necessariamente mais força do que uma só; mas, a fim de que todos esses pensamentos concorram para o mesmo fim, preciso é que vibrem em uníssono; que se confundam, por assim dizer, em um só, o que não pode dar-se sem a concentração. (idem, item 331”).

“... As grandes assembléias excluem a intimidade, pela variedade dos elementos de que se compõem... A divergência dos caracteres, das idéias, das opiniões, aí se desenha melhor e oferece aos Espíritos perturbadores mais facilidade para semearem a discórdia. Quanto mais numerosa é a reunião, tanto mais difícil é conterem-se todos os presentes. Cada um quererá que os trabalhos sejam dirigidos segundo o seu modo de entender...” (Idem, item 335).

O evitar que elementos estranhos e não simpáticos às idéias espíritas façam parte dos trabalhos, aonde procuram lançar a confusão e a cizânia, servindo de instrumento do mal, é uma das atitudes que só podem ser tomadas quando o número de componentes de uma reunião é reduzido e onde todos se conhecem. Daí as reuniões espíritas deverem ser sempre privativas, com seleção prévia dos elementos que as compõem.

A condição moral dos participantes de uma reunião é o elemento indispensável para atrair os Espíritos deste ou daquele padrão espiritual.

“A influência do meio é conseqüência da natureza dos Espíritos e do modo por que atuam sobre os seres vivos. Dessa influencia pode cada um deduzir, por si mesmo, as condições mais favoráveis para uma Sociedade que aspira a granjear a simpatia dos bons Espíritos e a só obter boas comunicações, afastando as más. Estas condições se contêm todas nas disposições morais dos assistentes e se resumem nos pontos seguintes”:

Perfeita comunhão de vistas e de sentimento:

Cordialidade recíproca entre todos os membros;

Ausência de todo o sentimento contrário à verdadeira caridade cristã;

Um único desejo: o de se instruírem e melhorarem, por meio dos ensinos dos Espíritos e do aproveitamento de seus conselhos.

Quem esteja persuadido de que os Espíritos superiores se manifestam com o fito de nos fazerem progredir, e não para nos divertirem, compreenderá que eles necessariamente se afastam dos que se limitam a lhes admirar o estilo, sem nenhum proveito tirar daí, e que só se interessam pelas sessões, de acordo com o maior ou menor atrativo que lhes oferecem, segundo os gostos particulares de cada um deles.

Exclusão de tudo o que, nas comunicações, pedidas aos Espíritos, apenas exprima o desejo de satisfação da curiosidade;

Recolhimento e silêncio respeitosos, durante as confabulações com os Espíritos que sejam evocados;

Concurso dos médiuns da assembléia, com isenção de todo sentimento de orgulho, de amor-próprio e de supremacia e com o só desejo de serem úteis.

Serão estas condições de tão difícil preenchimento, que se não encontre quem as satisfaça? Não o cremos; esperamos, ao contrario, que as reuniões verdadeiramente serias, como as que já se realizam em diversas localidades, se multiplicarão e não hesitamos em dizer que a elas é que o Espiritismo será devedor da sua mais ampla propagação. Religando os homens honestos e conscienciosos, elas imporão silencio à crítica e, quanto mais puras forem suas intenções, mais respeitadas serão, mesmo pelos seus adversário: Quando a zombaria ataca o bem, deixa de provocar o riso: torna-se desprezível. É nas reuniões desse gênero que se estabelecerão, pela força mesma das coisas, laços de real simpatia, de solidariedade mútua, que contribuirão para o progresso geral “. (O Livro dos Médiuns, item 341)”.

Esquematização Ideal dos Trabalhos Mediúnicos e Doutrinários de um Centro Espírita.

Um Centro Espírita, para cumprir bem o papel a que foi chamado a desempenhar, deve ter condições mínimas exigidas sem as quais estará servindo de modo incompleto àqueles que o buscam.

O Centro deve ter três tipos de tarefas que se ligam umas às outras nas seguintes áreas:

A – Campo doutrinário teórico:

1 – palestras;

2 – cursos de orientação (sobre mediunidade, de dirigentes, etc.);

3 – aulas de evangelização da infância;

4 – reuniões de estudos para os jovens;

5 – reuniões de estudos para os pais;



B – Campo doutrinário prático:

1 – reunião de passes, irradiação, receituário, etc.;

2 – reunião de consultas e tratamentos espirituais;

3 – reunião de desenvolvimento da mediunidade;

4 – reunião de doutrinação de Espíritos desencarnados

5 – reunião de desobsessão.

C – Campo Assistencial:

Compreende todos os trabalhos que visem a promoção social das pessoas assistidas pelo Centro através da reintegração social, valorização da criatura, ensino de ofícios, etc., sem descurar de oferecer a todos o conhecimento espírita que sempre deve estar ligado a qualquer atividade social que se realize.

Assim, o Centro Espírita deve ser o ponto de convergência de vários grupos afins, cada um ocupado em tarefa que lhe é especifico, mas todos trabalhando em conjunto numa programação previamente elaborada para que se alcance o fim desejado. Todos os grupos que constituem a casa devem solidarizar-se entre si, unindo-se cada vez mais, para que o Centro seja um foco irradiador de paz, entendimento e harmonia. Para que ele seja realmente o Templo-Lar-Escola-Oficina.

Sumário:

O Centro Espírita deve funcionar como uma unidade doutrinaria, com trabalhos interligados entre si e em continuidade uns aos outros.

O Centro Espírita, célula-máter do movimento espírita, é o Templo-Lar-Escola onde procuramos aprender e cultivar os valores e as verdades espirituais numa convivência de fraternidade pura, associando a teoria ao trabalho redentor.

As reuniões espíritas oferecem grandes vantagens pela permuta de idéias e pelas questões e observações que se façam em proveito de todos os que delas participam.

As reuniões instrutivas são as em que se pode haurir o verdadeiro ensino e por isto devem ser sérias e afastar quaisquer propósitos de mera curiosidade.

A instrução espírita abrange o ensinamento moral e o estudo dos fatos pela explicação teórica de todos os fenômenos, a pesquisa das causas, a comprovação do que é possível e do que não o é, em suma, a observação de tudo o que possa contribuir para o avanço da ciência.

As reuniões de estudo são de imensa utilidade para os médiuns, sobretudo para os que desejam aperfeiçoar-se sem a presunção de infalibilidade.

Graças ao insulamento e à fascinação, os Espíritos enganadores levam o médium a aceitar tudo o que eles queiram. Aí se encontra um tropeço e um perigo. O único meio para o médium escapar disso é a análise das comunicações que recebe, praticada por pessoas desinteressadas e benevolentes, com sangue frio e imparcialidade. Todo médium que teme esse juízo está no caminho da obsessão.

Toda reunião espírita deve buscar a homogeneidade possível para chegar a resultados úteis e realizar-se com regularidade, pois os Espíritos protetores possuem outras ocupações e não estão a nossa disposição a qualquer hora.

As reuniões práticas não devem ser publicas, mas privativas e com seleção previa dos componentes.

A condição moral dos participantes é ponto fundamental e todos devem ter: perfeita comunhão de vistas e de sentimentos, cordialidade recíproca; o desejo único de se instruírem e melhorarem, etc.

O local das reuniões mediúnicas deve ser o Centro Espírita que possui as condições necessárias e especificas para isso.

O ambiente das reuniões deve oferecer as condições que favoreçam o recolhimento e a elevação do pensamento e jamais apresentar quaisquer arranjos ou ornamentações que cheirem à magia, pois são absurdos e perigosos pelas idéias supersticiosas que alimentam. Para os Espíritos superiores o pensamento é tudo, a forma nada!

Paramentos, vestuário especial, ritual, exterioridades, ambiente que evoque mistério ou misticismo, gesticulações e encenações litúrgicas, não cabem na verdadeira prática espírita.

O Centro Espírita deve ter três tipos de tarefas:

1 – Campo doutrinário teórico, compreendendo palestras, cursos de orientação, evangelização da infância e da mocidade;

2 – Campo doutrinário pratico, abrangendo reuniões de passe, irradiação, desenvolvimento mediúnico, etc.

3 – Campo assistencial que compreende a promoção social, a reintegração e a valorização da criatura humana, o ensino de ofícios e o oferecimento da doutrina espírita.

Espiritismo e Lar. O culto do Evangelho no Lar.

Para muitos que não entendem ou preferiram colocar acima dos princípios doutrinários orientadores da pratica mediúnica sua opinião pessoal, os trabalhos mediúnicos podem ser realizados no próprio lar. Todavia, as orientações dos Espíritos são contrarias a esse modo de pensar e a prática tem mostrado os inconvenientes das reuniões mediúnicas domiciliares.

No lar deve-se realizar o culto do evangelho, semanalmente, para harmonizar o ambiente e as pessoas que aí residem.

O Espiritismo sendo uma doutrina eminentemente dinâmica e profunda, alicerçada em ensinamentos transcendentais e com objetivos morais, resolverá o problema da humanidade, transformando o Homem no verdadeiro cristão, pois este colocará em prática seus ensinamentos em todas as situações da vida.

A Doutrina Espírita é o elemento mais potente de transformação moral da criatura humana, porque esta, conhecendo a verdade e as leis que regem a harmonia do Universo, aprenderá a caminhar de forma tal que não as contrariará e propiciará o seu próprio crescimento espiritual.

O Espiritismo é uma força moralizadora pela sua doutrina, pelos exemplos de renovação espiritual que apresenta, pelos ensinamentos claros e racionais que faculta fazendo desabrochar na criatura o entendimento e esta, de olhos abertos, livre de rituais, de temores, de superstições, do misticismo caminham livremente, escolhendo o terreno onde seus pés se firmam, respeitando e amando as Leis da Vida, porque finalmente as compreendeu. É o caminho da felicidade, da redenção, da recuperação espiritual pelo ressarcimento dos erros, é o caminho normal da evolução do ser que um dia atingirá a angelitude.

E se a Doutrina Espírita faz eclodir esta força íntima que nos possibilita renovação espiritual, sua ação se manifesta primeiramente no reduto familiar, no ninho domestico, no próprio lar.

No lar, cadinho das experiências mais difíceis, local do reencontro dos corações que se amaram ou se odiaram no passado, é que a vida cobra os débitos contraídos em outras encarnações ou que premia pelos acertos, oferecendo oportunidades de se reencontrarem almas que muito se querem.

O Espiritismo tem, portanto, uma importante função no lar. A função de consolar, de amparar, de orientar, de fortalecer, de impregnar o espírito humano de compreensão, de paciência, de humildade, de amor e de perdão.

O Espiritismo aí funciona como fonte límpida e serena, que dessedenta a alma abrasada nas conseqüências da sua própria intemperança; funciona como lenço amigo a enxugar o pranto do desconsolo diante de situações inevitáveis; funciona como mestre silencioso a indicar a solução dos enigmas da própria vida, incentivando ao estudo e ao entendimento; funciona como amigo permanente a estimular a que não se perca a esperança, entregando-se ao desespero, nem que se busque a solução pela fuga covarde, mas que se mostre fibra na luta e na adversidade, guardando confiança e serenidade espirituais.

O Espiritismo é tudo isso e muito mais ainda. Ele é tudo o que dele se espera.

Quando a humanidade perceber o tesouro de luz que tem ao seu alcance e que, às vezes de faz juízo, dele se aproveita com interesses curtos e rasteiros, dele se acerca temerosa de se comprometer, de o conhecer, de o entender e de o praticar, instalar-se-á na terra o Reino. O reino da paz, da concórdia, da honestidade, do trabalho, da humildade, do bem e do amor. O reino proposto por Nosso Senhor Jesus Cristo.

Nessa transformação, que está prevista nos programas superiores, há um elemento fundamental – o lar. É o fermento que levedará a massa toda.

O lar, pequeno até na expressão gráfica, diminuído hoje por alguns sociólogos, que o tratam como remanescente da época medieval, já superado pelas novas experiências de vida livre, é, no entanto, instituição essencialmente divina e base da recuperação da humanidade transviada, através, do esforço do homem e da mulher.

“... O lar é como se fora um ângulo reto nas linhas do plano da evolução divina. A reta vertical é o sentimento feminino, envolvido nas inspirações criadoras da vida. A reta horizontal é o sentimento masculino, em marcha de realizações no campo do progresso comum. O lar é o sagrado vértice onde o homem e a mulher se encontram para o entendimento indispensável. É templo, onde as criaturas devem unir-se espiritual antes que corporalmente... O lar é conquista sublime que os homens vão realizando vagarosamente.

“... Por enquanto, raros conhecem que o lar é instituição essencialmente divina e que se deve viver, dentro de suas portas, com todo o coração e do noivado, procuram-se mobilizando os máximos recursos do Espírito, e daí o dizer-se que todos os seres são belos quando estão verdadeiramente amando. O assunto mais trivial assume singular encanto nas palestras mais fúteis. O homem e a mulher comparecem aí, na integração de suas forças sublimes. Mas logo que recebem a benção nupcial, a maioria atravessa os véus do desejo, e cai nos braços dos velhos monstros que tiranizam corações. Não há tolerância e, por vezes, nem mesmo fraternidade. E apaga-se a beleza luminosa do amor, quando os cônjuges perdem a camaradagem e o gosto de conversar. Daí em diante, os mais educados respeitam-se; os mais rudes mal se suportam”.

“... A tarefa da mulher, no lar, não pode circunscrever-se a umas tantas lágrimas de piedade ociosa e a muitos anos de servidão”.

É claro que o movimento coeso do feminismo desesperado constitui abominável ação contra as verdadeiras atribuições do espírito feminino. A mulher não pode ir ao duelo com os homens, através de escritórios e gabinetes, onde se reserva atividade justa ao espírito masculino... O homem deve aprender a carrear para o ambiente domestico a riqueza de suas experiências, e a mulher precisa conduzir a doçura do lar para os labores ásperos do homem.

Dentro de casa, a inspiração; fora dela, a atividade. Uma não viverá sem a outra “. (Nosso Lar – Cap. 20 – Noções de Lar)”.

Espiritismo no coração da mulher é a presença divina na Terra, porque com a dedicação de mãe e de companheira poderá fazer com que desponte nos filhos e no esposo o desejo de renovação espiritual tão necessária para as realizações futuras.

E para a união de todos os participantes da casa, surge o Culto do Evangelho no Lar como elemento fundamental e indispensável.

O comodismo de muitos e a ignorância sobre as práticas mediúnicas da maioria têm feito com que as reuniões do Culto do Evangelho no Lar se transformem em sessões mediúnicas caseiras, correndo todos os riscos e os inconvenientes da mediunidade praticada em lugar inadequado para isso.

Se o Espiritismo é a presença divina entre nós, o cultivo dessa presença se deve fazer através de um permanente esforço de estudo, de esclarecimento e de prática dos ensinamentos que o Evangelho, repositório da moral espírita propicia.

A reunião do Culto do Evangelho no Lar é a oportunidade, a nós todos facultada, para abrirmos as portas de nossa casa para recebermos a visita dos ensinamentos de nosso Sublime Mestre Jesus.

O Culto do Evangelho no Lar poderá seguir o seguinte roteiro:

1 – Dia da semana e horário pré-fixados.

Inicialmente deve-se escolher um dia certo da semana e um horário em que todos possam estar presentes.

Antes desse horário todos já estarão procurando preparar-se espiritualmente evitando o barulho excessivo, as discussões, os programas de televisão, comentários que levem a pontos de vista extremados, etc.

2 – Constância e assiduidade.

As reuniões deverão ser realizadas todas as semanas e não esporadicamente quando coincidir com a presença de todos. Os elementos que constituem o lar deverão ter o compromisso como algo muito importante e intransferível, evitando marcar outras atividades para esse horário. A assiduidade dos participantes faz com que a família fique mais entrosada e mais unida.

O Culto do Evangelho no Lar não deverá ser transferido para outro dia por impedimentos circunstanciais. Somente uma forte razão poderá impedir que ele se concretize no dia e hora aprazados.

A visita inesperada ou o hóspede eventual deverão ser convidados para participar da reunião porque para eles também a prece e as leituras terão inestimável serventia.

3 – Desenrolar da reunião.

A reunião deverá ser iniciada com uma prece espontânea e não maquinal ou decorada, mas traduzir o sentimento de quem a faz, externando pelas suas próprias palavras.

Em seguida, leitura e comentários de uma página de “O Evangelho Segundo o Espiritismo” que poderá ser aberto ao acaso ou mesmo ser estudado seqüencialmente.

Os comentários não devem ser extensos demais para não transformar o Culto do Evangelho em reunião monótona e cansativa.



Em continuação, leitura de páginas mediúnicas inseridas em livros como:

“Fonte Viva”, “Caminho, Verdade e Vida”, “Pão Nosso”, “Vinha de Luz”, “Luz no Lar”, “Encontro Marcado”, “Agenda Cristã”, “Conduta Espírita”, bem como paginas em forma de contos, apólogos, reportagens como as que os livros do Irmão X veiculam.

Aproveitar o conteúdo das páginas lidas para que os mais experientes ministrem alguns conselhos aos demais, cuidando, porém, para que a reunião não se transforme em local de acusações, autodefesas, “indiretas” aos membros da família, desvirtuando o caráter do Culto do Evangelho no Lar que é de unir cada vez mais.

Quando houver crianças, estas também deverão participar da reunião e para elas podem ser lidas pequenas historias infantis de conteúdo moral elevado. Livros como “Jesus no Lar” e Alvorada Cristã “, bem como os já citados de contos atingirão o interesse dos adolescentes. A reunião não deverá ser muito prolongada quando tiver a participação de crianças (20 a 30 minutos); e, mesmo quando for só constituída de adultos, não deverá prolongar-se indefinidamente”.

A reunião será encerrada com uma prece de agradecimento.

Sempre é conveniente colocar-se copinhos com água para ser fluidificada durante o transcorrer da reunião e da prece, pelos Espíritos protetores.

Encerrado o culto todos deverão guardar repouso, meditando nas orientações recebidas, evitando saírem à rua para outros programas nessa noite.

Musica selecionada serve para melhorar o ambiente predispondo as mentes a uma melhor sintonia com os amigos espirituais.

Com a prática do Culto do Evangelho no Lar, iremos notar como o ambiente espiritual de nossa casa melhora, como as relações fraternais entre os seus participantes se acentuam, como a ligação entre os pais e os filhos se torna mais respeitosa, mais elevada, mais digna.

É um verdadeiro banho de luz que procedemos em nosso lar quando as suas portas se abrem para a realização co Culto do Evangelho no Lar.

Sumário:

Os Espíritos não aconselham a prática mediúnica domiciliar. Somente os que colocam sua opinião pessoal acima dos princípios doutrinários defendem tal prática.

No lar deve-se realizar o Culto do Evangelho semanalmente.

A força moralizadora da Doutrina Espírita deve manifestar-se primeiramente no reduto familiar.

O lar é o cadinho de purificações onde os corações que se amaram ou se odiaram em outras encarnações se reencontram.

O Espiritismo tem no lar a função de consolar, orientar, fortalecer e de impregnar o espírito humano de compreensão, paciência, humildade, amor e perdão.

O lar, embora desvirtuado hodiernamente por alguns sociólogos que o consideram ultrapassado, é instituição essencialmente divina e base da recuperação da humanidade, através do esforço conjunto do homem e da mulher.

O lar é como se fora um ângulo reto nas linhas do plano da evolução divina. A reta vertical é o sentimento feminino, envolvido nas inspirações criadoras da vida. A reta horizontal é o sentimento masculino, em marcha de realização no campo do progresso comum.

O lar é o sagrado vértice onde o homem e a mulher se encontra para o entendimento indispensável. É templo, onde as criaturas devem unir-se espiritual antes que corporalmente.

Para a união de todos os elementos da família, o Culto do Evangelho no Lar é elemento fundamental e indispensável.

O comodismo de muitos e a ignorância sobre a prática mediúnica têm feito com que o Culto do Evangelho se transforme em sessão mediúnica caseira.

O Culto do Evangelho no Lar poderá ser realizado através do seguinte roteiro:

A escolha de um dia da semana, com horário prefixado; realizar-se com constância e assiduidade; a reunião deve iniciar-se com uma prece espontânea; leitura e comentários de uma página de O Evangelho Segundo o Espiritismo; leituras de mensagens de fundo moral e evangélico, extraído de livros espíritas consagrados e mais adequado para essa reunião; as crianças poderão participar do Culto e para elas serem lidas (ou elas mesmas poderão ler) pequenas historias infantis de conteúdo moral; a reunião deve encerrar-se com uma prece de agradecimento. Pode-se, também, preparar um recipiente com água para ser fluidificada. Música selecionada pode ser um elemento auxiliar na formação do ambiente.

É um verdadeiro banho de luz que procedemos em nosso lar quando abrimos suas portas para a realização do Culto do Evangelho.

Bibliografia:

Allan Kardec, O Livro dos Médiuns, 2.ª parte, Cap. XXIX; Leon Denis, No Invisível, 1.ª parte, Cap. X.

Martins Peralva, Estudando a Mediunidade, Cap. XVIII; idem, Estudando o Evangelho, Caps. VI e VII; Leon Denis, No Invisível, 1.ª parte, Cap. VII; André Luiz, Psicografia de Francisco Cândido Xavier, Nosso Lar, Cap. 20.

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