MOVIMENTO ESPIRITA
Ä Objetivo do Movimento Espirita:
É de vital importância que não se confunda Doutrina Espirita com Movimento Espirita.
Chama-se Espiritismo à doutrina codificada por Allan Kardec na segunda metade do séc. XIX e que, no seu tríplice aspecto de Ciência, Filosofia e Religião expõe e demonstra, através de fatos, a imortalidade da alma e as relações existentes entre os mundos corporal e espiritual, libertando os homens dos abismos consciênciais.
Movimento Espirita é outra coisa, é o conjunto de atividades desenvolvidas organizadamente pelos espíritas, para por em prática a Doutrina Espírita. O Movimento Espírita é portanto, um meio para se aplicar a Doutrina Espirita, em todos os sentidos, para se divulgar os seus princípios e se exercitar a vivência de suas máximas. Esse movimento é fruto do trabalho do homem, decorrente do seu conhecimento, haurido na Codificação Kardequiana.
Na tarefa da divulgação do Espiritismo podemos relacionar alguns meios de que dispomos, quais sejam: as sociedades espiritas, os livros, jornais, revistas, mensagens volantes, os programas de rádio e televisão, as instituições assistenciais e educacionais, conferências, palestras, cursos, seminários, etc.
Todas as atividades do Movimento Espírita se desenvolvem a partir do Centro Espírita, ou das Sociedades Espíritas, células-bases do estudo e da prática conjunta dos princípios doutrinários. Ele tem como característica congregar e motivar as pessoas que sustentam os mesmos ideais e propósitos.
O livro espírita é considerado um notável elemento de propaganda/divulgação do Espiritismo, pelo grande poder de penetração pública, sobretudo nos lugares em que ainda não existem sociedades espíritas, bem como um instrumento valorosíssimo no conhecimento e estudo da própria Doutrina. A razão de ser do Movimento Espírita só pode ser a divulgação e a pratica da Doutrina Espírita.
A Doutrina Espírita está imune a depurações, ou seja, ela é pura em suas bases e, qualquer idéia ou conceito que se mostre incompatível com os princípios consagrados nas obras da Codificação, poderá ser tudo menos Espiritismo.
Já o Movimento Espírita, por ser movimento livre de pessoas e instituições humanas, sem obrigações de obediências compulsória a hierarquias religiosas que não possuímos, não goza da mesma imunidade, exigindo em razão disso, de cada espírita em particular, e de cada grupo ou instituição espírita, uma vigilância permanente, no mais alto sentido, para que nenhuma deturpação comprometa a pureza dos ideais que abraçamos.
Diz Allan Kardec em Obras Póstumas: "Um dos maiores obstáculos capazes de retardar a propagação da Doutrina seria a falta de unidade".
Ä O Marco Inicial:
Tiveram seu marco inicial decisivo com a atuação segura de Bezerra de Menezes (Adolfo Bezerra de Menezes Cavalcanti, nascido em 29 de agosto de 1.831, um dos maiores nomes na Doutrina Espírita no Brasil. Graduado em Medicina, foi Vereador Municipal e Deputado Geral pelo Rio de Janeiro. Exerceu a Presidência da Federação Espírita Brasileira. Promoveu intensa campanha de assistência aos necessitados sob o tema: Deus, Cristo e Caridade. Considerado o "Médico dos pobres", o "Kardec brasileiro", o "o Apóstolo do Espiritismo no Brasil" o "Unificador do Espiritismo no brasil". Sua desencarnação ocorreu no Rio de Janeiro no dia 11 de abril de 1.900), que, inclusive, se inspirou nas páginas do Livro Obras Póstumas, de cuja obra foi o primeiro tradutor para o nosso vernáculo, e continuam até hoje, no sentido de preservar a unidade doutrinária e assegurar a continuidade da propagação do Espiritismo. Várias iniciativas foram postas em prática ao longo do tempo, algumas da maior repercussão, entre as quais destacamos o documento: Bases de organização Espírita, publicado na revista Reformador de 1º de novembro de 1904, proposto pela Federação Espírita Brasileira e aprovado após discussão e ligeiras modificações, por espiritas de todo o Pais, num conclave sem precedentes.
Após 45 anos, outro conclave espírita (O Pacto Áureo) renovou os mesmos propósitos das Bases. Adotando medidas mais concretas para a viabilização e aprimoramento.
Na parte final da década de 40, valorosos espíritas brasileiros criaram a Caravana da Fraternidade com o fim de propagar os ideais da Unificação através de viagens a diferentes pontos do Pais.
Os esforços da Caravana contribuíram para a assinatura do acordo que, por sua significação, recebeu o cognome de Pacto Áureo.
Essa reunião deu-se na sede da FEB (Federação Espírita Brasileira), no dia 05 de outubro de 1949, com o nome de Acordo e depois de Pacto Áureo, foi elaborado um documento, estabelecendo as bases da atual estrutura do Movimento Espírita em nível nacional.
Ä Estrutura do Movimento:
Aparece uma estrutura consentânea (apropriada, adequada) com a mentalidade e com as necessidades do momento. Cria-se, integrando a FEB. Um Órgão de âmbito nacional, sob a forma de plenário à base de representação e de voto, não para governar as Entidades e Organizações Espíritas existentes e que venham a existir no Pais, mas, destinado ao estudo, orientação, supervisão e direção de todos os assuntos doutrinários e correlatos.
Todos os cuidados foram tomados à época da arregimentação das diretrizes essenciais para a materialização do movimento. Procurou-se ouvir dos servidores que portavam belas folhas de serviço à Causa; cuidou-se de atender às solicitações, sem, no entanto, tergiversar (voltar as costas, usar de subterfúgios ou evasivas) na linha básica do dever que não se pode acomodar às exigências de pessoas ou grupos; buscou-se solucionar problemas utilizando-se recomendação evangélica da Tolerância preconizada por Jesus e Kardec. Mas, mesmo assim, as dificuldades cresceram como para testar a têmpera (índole, austeridade) em que foi forjado o trabalho de Unificação.
É verdade que o Espiritismo não tem chefe, mas possuindo um corpo de Doutrina que necessita ser zelado, tem necessidade de uma Entidade Federativa de âmbito nacional para coloca-lo a salvo das investidas da futilidade, da imprevidência e dos abusos de toda ordem.
Ä O Centro Espírita:
O Centro Espírita tem por finalidade a divulgação da mensagem espírita, bem como restabelecer em totalidade o Cristianismo primitivo, livre de condicionamentos e rituais. Ser um educandário aos dois planos da vida e lar dos necessitados. Ao realizar a propagação da Doutrina Espírita a responsabilidade de moralizar todos os recursos possíveis à instrução, orientação, alertando a educação dos encarnados, seja na infância, na mocidade, na madureza ou na velhice, a fim de que se desincumbam com êxito de suas tarefas.
Um Templo Espírita é, na essência, um educandário em que as leis do ser, do destino, da evolução e do Universo são examinadas claramente, fazendo luz e articulando orientação, mas, por isso, não deve converter-se num instituto de mera preocupação academista.
O Centro Espírita é uma escola que ensina as diretrizes da vida feliz, acenando com os triunfos após o curso rigoroso da auto-elevação. Múltiplas são as atividades de que se ocupa o centro. Suas atividades são as seguintes:
Promover, com vistas ao aprimoramento íntimo de seus freqüentadores, o estudo metódico e sistemático e a explanação da Doutrina Espírita no seu tríplice aspecto - científico, filosófico e religioso consolidada na Codificação Kardequiana; do Evangelho segundo a Doutrina Espírita;
Promover a evangelização da criança, à luz da Doutrina Espírita;
Incentivar e orientar o jovem para o estudo e a prática da Doutrina Espírita e favorecer-lhe a integração nas tarefas do Centro Espírita;
Promover a divulgação da Doutrina Espírita, também através do livro;
Promover o estudo da mediunidade, visando oferecer orientação segura para as atividades mediúnicas;
Realizar atividades de assistência espiritual, mediante a utilização dos recursos oferecidos pela Doutrina Espírita, inclusive reuniões mediúnicas privativas de desobsessão ;
Manter um trabalho de atendimento fraterno, através do diálogo, com orientação e esclarecimento às pessoas que buscam o Centro Espírita;
Promover o serviço de assistência social espírita, assegurando suas características beneficentes, preventivas e promocionais, conjugando a ajuda material e espíritual, fazendo com que este serviço se desenvolva concomitantemente com o atendimento às necessidades de evangelização;
Incentivar e orientar a instituição do Culto do Evangelho no lar.
Bendita Escola de almas na Terra, o Centro Espírita agasalha os corações batidos pelos vendavais das paixões.
Portas Abertas ao amor, é um celeiro de esperança na inquietude da noite das aflições, oferecendo comunicação com os mundos transcendentes do Espírito Imortal.
Oficina de incessante socorro acolhe toda a aflição da Terra, caldeando-a com "o murmúrio de preces em continuados ministérios de caridade". Aí todas as feridas do sentimento encontram medicação e todas inquietudes recebem repouso. Oásis em escaldante deserto, o Centro Espírita guarda a fé imortalista no sacrário do entendimento. Entre repuxos de água refrescante a nascer nas fontes da caridade pacífica esplendem as luzes claras do Evangelho, distendendo esperança sem limite.
Hospital recebe enfermos de toda procedência, sem lhe inquirir a doença nem exigir apresentação de carteira de saúde com os antecedentes da moléstia.
Templo escuta os soluços da inquietude e atende o pranto das ansiedades, nascidos nos recessos da alma.
Escola ensina as diretrizes da vida feliz, acenado com o triunfo após o curso rigoroso da auto-elevação
Mensageiro de Jesus-Cristo, o Senhor de todas as igrejas, não se restringe a sua ação entre as singelas paredes da sua construção material.
O Centro Espírita também é, em nome do amor, o núcleo da assistência ativa à fome física, à nudez, à dor, multiplicando os braços de Jesus no mister abençoado do auxilio, distribuindo a bondade, santa e boa, sem preconceito nem interesse, sem desejo proselitista (de fazer seguidores) nem imposição adesiva.
Dentro desse roteiro, cada templo espírita se responsabilizará pela assistência social na sua sede, de acordo com as possibilidades que lhe forem surgindo.
É incumbência ainda do Centro Espírita a promoção da Unificação, como unidade fundamental dentro do Movimento Espírita, devendo também manter um clima de entendimento, de harmonia e de fraternidade em relação aos demais Centros Espíritas.
Quando se abrem as portas de um templo espírita cristão ou de um santuário doméstico, dedicado ao culto do Evangelho, uma luz divina acende-se nas trevas da ignorância humana e através dos raios benfazejos desse astro de fraternidade e conhecimento, que brilha o bem da comunidade, os homens que dele se avizinham, ainda que não desejem, caminham, sem perceber, para a vida melhor.
Ä As Organizações Federativas:
A Federação Espírita Brasileira (FEB), foi fundada em 02/01/1884, na cidade do Rio de Janeiro, como sociedade civil religiosa, cultural e filantrópica com personalidade jurídica e que tem por objetivo e fins:
I - Estudo teórico, prático e experimental do Espiritismo; a observância e a propaganda ilimitada de seus ensinos, por todas as maneiras que oferece a palavra escrita e falada.
II - A prática da caridade material, moral e espiritual por todos os meios ao seu alcance.
III - A união solidária espírita do Brasil.
Para consecução dos objetivos e das finalidades a que se propõe, a Federação Espírita Brasileira adota princípios e diretrizes, quais a não existência de qualquer discriminação de raça, sexo, cor e religião, entre os seus serviços, a ausência de visão de lucros, bem como serem exercidos gratuitamente todos os cargos de direção - diretoria, conselhos e comissões.
Para divulgação, a FEB poderá enviar, a todos os lugares, pessoas de confiança para a realização de conferencias públicas, cujos temas deverão ser de caráter exclusivamente doutrinário e em linguagem respeitosa, abstendo-se completamente de questões pessoais ou particulares e livres de ataques a quaisquer crenças.
Ä As Federações Estaduais:
Em 1º de outubro de 1904, ao ser assinado o documento "Bases de Organização Espírita", na sala das sessões da FEB, no Rio de Janeiro, os espíritas do Brasil, tendo em vista a conveniência e oportunidade de uma organização geral da propaganda, sobre bases homogêneas, resolvem empregar desde já todos os esforços para a criação, na capital da cada Estado da União Brasileira, de um Centro, calcado nos moldes da Federação do Rio de Janeiro, tendo por fim promover a organização e filiação de associação de estudo e propaganda em todo Estado. Tais instituições, aderindo ao programa da FEB, a ela se filiarão com as respectivas associações subsidiárias, sem nenhuma relação de dependência disciplinar, mas unicamente com intuitos de confraternização e unidade de vistas. Desta forma, surgem as Federativas Estaduais.
A execução de programa da Federação consistirá na integração das sociedades espíritas dos Estados, dos Territórios e do Distrito Federal no seu organismo, por ato federativo ou de adesão, de modo a constituirem com ela todo homogêneo, no qual, com o único objetivo de confraternização, concórdia e solidariedade, se verifica completa harmonia de vistas e unidades de programa, moldado este pelas bases da Organização Espírita.
Ä CFN – Conselho Federativo Nacional:
Para a execução, desenvolvimento e ampliação dos planos da Organização Federativa foi criado o Conselho Federativo Nacional, que é presidido pelo próprio presidente da FEB, e por um representante da cada sociedade de âmbito estadual.
As sociedades componentes do Conselho Federativo Nacional são completamente independentes. A ação do Conselho só se verificará, alias, fraternalmente, no caso de alguma Sociedade passar a adotar programa que colida com a doutrina exposta nas obras: O Livro dos Espíritos e O Livro dos Médiuns.
Art. 112. O Conselho Federativo Nacional reunir-se-á, ordinariamente, pelo menos uma vez por ano; e, extraordinariamente, quando for necessário, só podendo funcionar com a presença de metade mais um dos seus membros.
Em 1971, passando a funcionar os Conselhos Zonais, desdobramento do CFN, com o fito de dinamizar e melhor integrar o Movimento Espírita nos planos da Unificação.
Segundo resoluções de 03 NOV 85 do CFN, os Conselhos Zonais foram transformados em Comissões Regionais, cujos objetivos são: coordenar e promover com as Entidades Estaduais de Unificação do Movimento Espírita, observados os norteamentos do CFN, as atividades que visem dotar as instituições espíritas dos conhecimentos necessários ao desenvolvimento de suas atividades doutrinárias e assistências .Analisar temas indicados pelo CFN.
Para melhorar operacionalmente a Unificação do Movimento Espírita através das Sociedades Espíritas, as Federações Estaduais dispõe de órgãos de coordenação, orientação, difusão doutrinária.
Esses órgãos se denominam , no Estado do Paraná, União Regional Espírita (URE), enquanto que nos demais Estados possuem designação como Conselho Regional Espírita, União Municipal Espírita, etc.
Art. 103. À Federação Espirita Brasileira incumbe a representação do
Espiritismo, por parte do Brasil, em todos os atos e solenidades internacionais concernentes à organização espírita Mundial, assim como nos congressos que se efetuarem e cujas conclusões serão submetidas ao Conselho Federativo Nacional.
Todo esforço deve ser desenvolvido no sentido de que o Movimento Espírita cresça, como vem crescendo, sem prejuízo da unidade. Isto poderá se conseguido com o trabalho constante e sistemático de dinamização do sistema, que vem sendo aprimorado.
O trabalho de Unificação deve ter seu ponto maior de sustentação na tarefa de produzir uma correta conceituação do Espiritismo por parte dos que militam nas Sociedades Espíritas, e uma noção, a mais precisa possível, dos seus objetivos, entre os quais se salienta o de constituir uma sociedade de homens harmonizados em Cristo, por conseqüência, juntos e fraternos.
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Bibliografia
Livro dos Médiuns. pg. 334a342 / 361a 370.
Obras Póstumas . pg. 339.
Orientação ao Centro Espírita.
Conduta Espírita.
Educandário da Luz.
Sementeira da Fraternidade
Estatuto da FEB.
Orientação ao Centro Espírita.
Unificação.
quinta-feira, 22 de janeiro de 2009
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