quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

A CRIAÇÃO DIVINA

Elementos Gerais do Universo : Espírito e Matéria

Na Parte 1.ª, Cap. II, de "O livro dos Espíritos (1.857), que trata dos Elementos Gerais do Universo, encontramos como resposta à questão 27 que: Deus, Espírito e matéria constituem o princípio de tudo o que existe, sendo que esta pode ser considerada a trindade Universal.






Complementando porém esta questão, nos é ensinado que: "Mas, ao elemento material se tem que juntar o fluido universal (grifo nosso), que desempenha o papel de intermediário entre o Espírito e a matéria propriamente dita, por demais grosseira para que o Espírito possa exercer ação sobre ela. Embora de certo ponto de vista, seja lícito classificá-lo com o elemento material, ele se destingue deste por propriedades especiais. Se o fluido universal fosse positivamente matéria, razão não haveria para que também o Espírito não o fosse. Está colocado entre o Espírito e a matéria; é fluido, como a matéria é matéria, e suscetível pelas suas inumeráveis combinações com esta e sob a ação do Espírito, de produzir a infinita variedade das coisas de que apenas conheceis uma parte mínima. Esse fluido universal ou primitivo, ou elementar, sendo o agente de que o espírito se utiliza, é o princípio sem o qual a matéria estaria em perpétuo estado de divisão e nunca adquiriria as qualidades que a gravidade lhe dá."

Espírito: Na parte 1.ª Cap. II – Dos elementos Gerais do Universo, de "O Livro dos Espíritos" (1.857), questão 23, é perguntado: "Que é o Espírito?" a que a Espiritualidade responde: "O princípio inteligente do Universo".

a) Qual a natureza íntima do Espírito? R. "Não é fácil analisar o Espírito com a vossa linguagem. Para vós, ele nada é, por não ser palpável. Para nós, entretanto, é alguma coisa. Ficai sabendo: coisa nenhuma é o nada e o nada não existe."


Na Parte 2.ª, Cap. I – Do Mundo Espírita ou Mundo dos Espíritos, questão n 76, é solicitado à Espiritualidade uma definição dos Espíritos, ao que é respondido: "Pode dizer-se que os Espíritos são os seres inteligentes da criação. Povoam o Universo, fora do mundo material". A esta resposta, Kardec emite a seguinte nota: "A palavra Espírito é empregada aqui para designar as individualidades dos seres extracorpóreos e não mais o elemento inteligente do Universo".


Matéria: Analisando novamente a parte 1.ª Cap. II – Dos elementos Gerais do Universo, denotamos na questão 22, o anseio por uma definição de matéria.

"Define-se geralmente a matéria como sendo – o que tem extensão, o que é capaz de nos impressionar os sentidos, o que é impenetrável. São exatas essas definições?" e a Espiritualidade responde: "Do vosso ponto de vista, elas o são, porque não falais senão do que conheceis. Mas a matéria existe em estados que ignorais. Pode ser, por exemplo, tão etérea e sutil, que nenhuma impressão vos cause aos sentidos. Contudo, é sempre matéria. Para vós, porém, não o seria."

a) Que definição podeis dar de matéria? – " A matéria é o laço que prende o Espírito; é o instrumento de que este se serve e sobre o qual atua, ao mesmo tempo, exerce sua ação."


Complementa ainda Kardec " Deste ponto de vista, pode dizer-se que a matéria é o agente, o intermediário com o auxílio do qual e sobre o qual atua o Espírito.


A Ciência considera as seguintes propriedades da matéria:

Massa: - quantidade de matéria de um corpo.

Extensão: é a porção do espaço, ocupada pela matéria. Toda matéria ocupa um determinado lugar no espaço.

Impenetrabilidade: Duas porções de matéria não podem, ao mesmo tempo, ocupar o mesmo lugar no espaço.

Inércia: quando um corpo, formado naturalmente por matéria, está em repouso, é necessário uma força para colocá-lo em movimento. Se o corpo estiver em movimento, é necessário uma força para alterá-lo ou fazer o corpo parar.

Divisibilidade: podemos dividir um corpo ou pulverizá-lo até certo limite. As partículas são formadas de partículas menores chamadas átomos.

É interessante definir, também, que a Matéria é tudo o que possui massa e extensão. Corpo é uma porção limitada da matéria e Substâncias são as diferentes espécies de matéria.

Os principais elementos constitutivos da matéria são as moléculas e os átomos, os quis se subdividem em partículas cada vez menores e que são objeto das mais recentes pesquisas pela ciência.

De acordo com as obras da Codificação, Deus não permite que ao homem tudo seja revelado neste mundo. Assim, não lhe é dado conhecer o princípio das coisas. Somente à medida que ele se depura é que o véu das coisas ocultas se levantam aos seus olhos, mas, para compreender certas coisas, necessita faculdades que ainda não possui. Em Obras póstumas, na 1.ª Parte, parágrafo 3.º encontramos: O princípio das coisas reside nos arcanos de Deus"

Ainda dentro deste Cap. II, é esclarecido que a matéria é formada de um só elemento primitivo. Os corpos que considerais simples não são verdadeiros elementos, são transformações da matéria primitiva.


Fluido Cósmico Universal: O Fluido Cósmico Universal, que também pode ser chamado de "matéria cósmica primitiva", é o elemento primordial gerador dos mundos e dos seres. Esse fluido preenche todo o universo. Podemos dizer que tudo se encontra mergulhado nesse fluido.

Todos os corpos são formados desse elemento primitivo, que se modifica para dar origem aos corpos chamados simples.

Este elemento primitivo é que determina as diversas propriedades que a matéria apresenta, devido as modificações que as suas moléculas elementares sofrem por efeito de sua união, em certas circunstâncias.

Esta matéria elementar é suscetível de experimentar todas as modificações e adquirir todas as propriedades, podendo dizer que tudo está em tudo.

Dessa forma, o oxigênio, hidrogênio o carbono e todos os corpos que consideramos simples, são meras modificações de uma substância primitiva.

Segundo o que observamos quotidianamente, a matéria sofre temporárias transformações das quais resultam diferentes corpos, que incessantemente nascem e se destróem.

Embora esse Fluido Universal possa ser classificado como elemento material, ele está colocado entre o Espírito e a matéria, é fluido, é suscetível de inumeráveis combinações.

Esse Fluido Universal, também chamado de primitivo ou elementar, sendo o agente de que o Espírito se utiliza, é o princípio sem o qual a matéria estaria em perpétuo estado de divisão e nunca adquiriria as qualidades que a gravidade lhe dá.

Formação dos Mundos e dos Seres Vivos:

Como produto que são da aglomeração e da transformação da matéria, os mundos hão de ter tido, como todos os corpos materiais, começo e terão fim, na conformidade de leis que desconhecemos.

Até certo ponto, pode a ciência formular as leis que lhes presidiram a formação e remontar ao estado primitivo deles.

O Universo abrange a infinidade dos mundos que vemos e dos que não vemos, todos os serem animados e inanimados, todos os astros que se movem no espaço, assim como os fluidos que os enchem.

A razão nos leva a concluir que o Universo não pode ter se formado por si mesmo, nem por obra do acaso, mas que há de ser obra de Deus. Deus criou o Universo pela sua vontade onipotente.

Quanto ao modo de formação dos mundos o que podemos compreender é que eles se formam pela condensação da matéria disseminada no espaço.

Deus renova os mundos, como renova os seres vivos; assim, um mundo completamente formado, poderá desaparecer e a matéria que o compõe disseminar-se de novo no espaço.

Houve tempo em que não existiam seres vivos na Terra; logo eles tiveram começo. Cada espécie foi aparecendo à proporção que o globo adquiria as condições necessárias à existência delas.

A Terra continha os gérmens dos seres vivos que aguardavam momento favorável para se desenvolverem. Os princípios orgânicos se congregaram, desde que cessou a atuação da força que os mantinham afastados, e formaram os gérmens de todos os seres vivos. Estes gérmens permaneceram em estado latente de inércia, como a crisálida e as sementes das plantas, até o momento propício ao surto de cada espécie. Os seres de cada uma destas se reuniram e, então, se multiplicaram.

Os elementos orgânicos antes da formação da Terra, achavam-se em estado de fluido no espaço, no meio dos Espíritos, ou em outros planetas, à espera da criação da Terra, para começarem existência nova em novo globo.

A espécie humana se encontrava entre os elementos orgânicos contidos no globo terrestre e veio a seu tempo. Foi o que deu lugar a que se dissesse que o homem se formou do limo da Terra.

Aparecimento do Homem na terra: Quanto à época do aparecimento do homem e dos outros seres vivos na terra, todos os cálculos humanos são quiméricos.

O princípio das coisas está nos segredos de Deus. Entretanto, pode-se dizer que os homens, uma vez espalhados pela terra, absorveram em si mesmos os elementos necessários à sua própria formação, para os transmitir segundo as leis de reprodução. O mesmo se deu com as diferentes espécies de seres vivos.

O homem surgiu em diferentes pontos do globo e em várias épocas, o que também constitui uma das causas da diversidade das raças, além dos fatores de clima, da vida e dos costumes.


Seres Orgânicos: Os seres que tem em si uma fonte de atividade íntima que lhes dá a vida. Nascem, crescem, reproduzem-se por si mesmos e morrem. São providos de órgãos especiais para a execução dos diferentes atos da vida, órgãos esses apropriados à necessidades que a conservação própria lhes impõe. Nessa classe estão compreendidos os homens, os animais e as plantas.


Seres Inorgânicos: Os seres inorgânicos carecem de vitalidade, de movimentos próprios e que se formam apenas pela agregação da matéria. Tais são os minerais, a água, o ar, etc.

A força que une os elementos da matéria nos corpos orgânicos e inorgânicos é a mesma. A matéria que compõe esses corpos também é a mesma, porém, nos corpos orgânicos está animalizada pela sua união com o princípio vital.

A vida é um efeito, devido à ação de um agente sobre a matéria que é o princípio vital. Esse princípio sem a matéria não é a vida, Ao mesmo modo que a matéria não pode viver sem ele. Ele dá vida a todos os seres que o absorvem e assimilam.

O princípio vital se origina do Fluido Universal. É um só para todos os seres vivos, mas modificado segundo as espécies. É ele quem lhes dá movimento e atividade e os distingue da matéria inerte.

Os Reinos da Natureza: Mineral, Vegetal e Animal, Œ Hominal Œ Angelical

Os seres da natureza estão classificados em três Reinos: Mineral, Vegetal e Animal.

O homem está incluído no último desses reinos, mas, considerando em sua integralidade, distingue-se o homem pela sua inteligência e racionalidade.

No homem brilha, pois, a luz da razão, que lhe faculta o conhecimento das leis universais e á qual se junta o senso moral, que o eleva a cima dos outros seres, pela percepção das Leis Morais e a intuição de Deus. Destaca-se o homem por atributos do Espírito, vindo a formas um quarto reino – o Hominal.

Entre os três reinos reconhece-se formas de transição de tal modo sutis que entre elas se torna ambígua a definição absoluta dos três reinos.

Há, porem, em caráter distintivo entre os seres minerais e os outros grupos: é a ausência de vida dos minerais e a presença dela nos vegetais e animais. Por isso, a divisão entre orgânicos e inorgânicos.

A presença de vida se traduz nos vegetais e animais pela organização celular da matéria de seus corpos e do aparecimento das grandes funções de nutrição e reprodução. Há uma infinidade de seres constituídos de uma única célula. São seres unicelulares vegetais – os protófitos, e animais – os protozoários.

Em seres mais evoluídos, até os vegetais e animais superiores (metáfitas e metazoários), as células microscópicas se reúnem em tecidos, os tecidos em órgãos e estes em sistemas e aparelhos orgânicos.

Os seres do reino mineral: só manifestam uma força mecânica, decorrente da matéria de que são formados. Apenas existem, inertes e brutos, falta inteligência e vontade, nem mesmo instinto revelam. Se algum princípio diferente da matéria existe, está completamente abafado, dorme, um estado de latência e inatividade.

Os seres do reino vegetal: já apresentam o movimento interior da vida, realizando um completo ciclo vital: nascem, crescem, nutrem-se, desenvolvem-se, reproduzem-se e morrem.

Além da matéria densa, apresentam um princípio sutil e dinâmico, o princípio vital. Entretanto esses seres não revelam também consciência alguma da sua existência. Não sentem prazer ou dor, não tem percepções ou sentimentos; só tem vida orgânica que lhes é comunicada por sua união com o princípio vital.


Os seres que formam o reino animal: existem e vivem como os vegetais, mas acrescidos dos movimentos e as sensações. Ainda há a prevalência do instinto sobre a inteligência. Pelo corpo material o homem se assemelha aos animais, deles se distinguindo totalmente pela sua natureza espiritual, pela sua alma, que lhe confere razão e senso moral. O Homem tem ainda a faculdade de pensar em Deus.


A alma dos animais após a morte do corpo físico: Após a morte do corpo físico, a alma dos animais conserva sua individualidade; quanto a consciência de seu "eu", não. A vida inteligente lhe permanece em estado latente.

A alma do animal após a destruição do corpo físico, fica numa espécie de inatividade, pois que não mais se acha unida ao corpo, mas não é um Espírito Errante. O Espírito Errante é um ser que pensa e obra por sua livre vontade. Os animais não dispõem de idêntica faculdade.

A consciência de si mesmo é o que constitui o principal atributo do Espírito. O do animal, depois da morte, é classificado pelos Espíritos a quem incumbe essa tarefa e utilizado quase imediatamente. Não lhe é dado tempo de entrar em relação com outras criaturas.


Não há delimitação nitidamente marcada entre Reino vegetal e Animal. Nos confins dos dois estão os zoófitos ou animais-plantas, traços que indicam participarem de um e de outro reino.

O zoófito tem a aparência exterior da planta, mantendo-se preso ao solo e, como animal, a vida nele se acha mais acentuada: tira do meio ambiente a sua alimentação. Num degrau acima o animal é livre e procura o alimento.

As espécies seriam produtos das transformações sucessivas dos seres orgânicos elementares, quando encontraram condições atmosféricas propícias. Adquirem a seguir, a faculdade de reproduzirem-se.

Acompanhando a série dos seres, dir-se-ia que cada espécie é um aperfeiçoamento, uma transformação da espécie imediatamente inferior.

O Princípio Inteligente distinto do princípio material, se individualiza e elabora, passando pelos diverso graus da animalidade. É aí que a alma se ensaia para vida e se desenvolve, pelo exercício, suas primeiras faculdades. Esse seria o período de incubação. Chagada ao grau de desenvolvimento que esse estado comporta, ela comporta as faculdades iniciais que constituem a alma humana.

Haveria assim, filiação espiritual do animal para o homem, assim como há filiação corporal.

O Espírito não chega a receber a iluminação Divina, que lhe dá, simultaneamente, como livre-arbítrio e a consciência, a noção de seus altos destinos, sem haver passado pela série de seres inferiores, entre os quais se elabora lentamente a obra de sua individualização.

Reino Angelical: Dentro da escala evolutiva, poderíamos considerar os Espíritos de Primeira Ordem – Espíritos Puros.

Características gerais: nenhuma influência da matéria. Superioridade intelectual e moral absoluta, com relação aos Espíritos das outras ordens.

Os Espíritos que a compõem percorreram todos os graus da escala e se despojaram de todas as impurezas da matéria. Tendo alcançado a soma da perfeição de que é suscetível a criatura, não têm mais que sofrer provas, nem expiações. Não estando mais sujeitos á reencarnação em corpos perecíveis, realizam a vida eterna no seio de Deus.

Essa felicidade, porém, não é a de ociosidade monótona, a transcorrer em perpétua contemplação. Eles são os mensageiros e os Ministros de Deus, cujas ordens executam para a manutenção da harmonia universal. Comandam a todos os Espíritos que lhe são inferiores, auxiliam na obra de seu aperfeiçoamento e lhes designam as suas missões. Assistir os homens nas suas aflições, concitá-los ao bem ou à expiação das faltas que os conservam distanciados da suprema felicidade, constitui para eles ocupação gratíssima. São designados às vezes pelos nomes de anjos, arcanjos ou serafins.

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