quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

MEDIUNIDADE

Introdução:

Na questão n.º 01 do "Livro Diretrizes de Segurança", é indagado a Divaldo Pereira Franco, qual a finalidade da mediunidade na Terra, ao que ele responde:

"A mediunidade é, antes de tudo, uma oportunidade de servir. Bênção de Deus, que faculta manter o contato com a vida espiritual. Graças ao intercâmbio, podemos ter aqui, não apenas a certeza da sobrevivência da vida após a morte, mas também o equilíbrio para resgatarmos com proficiência (s. f. Qualidade do que é proficiente; conhecimento perfeito; competência; proveito; vantagem. (Do lat. proficientia.) os débitos adquiridos nas encarnações anteriores. É graças à mediunidade que o homem tem a antevisão do seu futuro espiritual, e, ao mesmo tempo, o relato daqueles que o precederam na viagem de volta à Erraticidade, trazendo-lhes informes de segurança, diretrizes de equilíbrio e oportunidade de refazer o caminho pelas lições que ele absorve do contato mantido com os desencarnados.

Assim, a mediunidade tem uma finalidade de alta importância, porque é graças a ela que o homem se conscientiza das suas responsabilidades de espírito imortal. Conforme afirmava o Apóstolo Paulo, se não houvesse a ressurreição do Cristo, para nos trazer a certeza da vida espiritual, de nada valeria a mensagem que Ele nos deu."


Ä Da Natureza das Comunicações:

Segundo a própria opinião de Allan Kardec, em seu Vocabulaire Spirite, comunicação espírita é a "manifestação inteligente dos Espíritos, tendo por objeto uma troca constante de pensamentos entre eles e os homens"

Desde o instante que se observou com cuidado e detalhes as manifestações objetivas (fenômenos de efeitos físicos), e se pôde concluir pela inteligência extrafísica que os provocava e dirigia, e que se dizia ser a alma de uma pessoa já falecida dando provas de identificação, um mundo novo se abriu aos olhos da Humanidade: o Mundo Espiritual, habitado pelos seres invisíveis, que pelo fenômeno da morte já haviam abandonado o veículo físico.

Notou-se, porém, que os espíritos não somente se manifestavam, senão procuravam estabelecer um diálogo esclarecedor a respeito das verdades espirituais, agora reconhecidas, estabelecendo assim uma verdadeira comunicação. Respondiam perguntas, esclareciam pontos obscuros, discorriam com seriedade sobre questões controvertidas, faziam revelações.

Allan Kardec, o Codificador do Espiritismo, sendo homem dotado de extraordinário bom senso, todavia, concluiu, primeiro, que nem todos os espíritos estão aptos a responder todas as questões, e que cada um só pode falar daquilo que sabe, não havendo impedimento, porém, que espíritos levianos, aproveitando-se da credulidade e do excesso de fé de alguns, impingissem (verbo impingir - v. tr. dir. e ind. Pespegar; fazer acreditar, iludindo; dar, vibrar; fazer ouvir constrangidamente; fazer passar (uma coisa por outra); tr. dir. fazer acreditar em coisa falsa. (Do lat. impingere.) certas orientações e ensinos que não suportam o mais leve raciocínio analítico e lógico. Segundo, em decorrência do primeiro juízo, concluiu que há uma verdadeira hierarquia entre os espíritos, sendo que as suas posições se definem graças a um desenvolvimento intelectual e moral adquirido na Terra. Diz o Codificador textualmente: "Quem estiver bem compenetrado, segundo a escala espírita ("O Livro dos

Espíritos", n. 100), da variedade infinita que apresentam os Espíritos, sob o duplo

aspecto da inteligência e da moralidade, facilmente se convencerá de que há de haver

diferença entre as suas comunicações; que estas hão de refletir a elevação, ou a baixeza

de suas idéias, o saber e a ignorância deles, seus vícios e suas virtudes; que, numa

palavra, elas não se hão de assemelhar mais do que as dos homens, desde os selvagens

até o mais ilustrado europeu." (Livro dos Médiuns, 2ª parte, Cap. X, n.º 133).


Segundo suas características, as comunicações podem ser divididas em:


Grosseiras


Frívolas


Sérias


Instrutivas




Ä Comunicações Grosseiras:

São comunicações cheias de termos chãos (estilo chão - rasteiro; vulgar.), baixos e indecorosos: Provêm de espíritos inferiores, ignorantes e revoltados que extravasam o que lhes vai na alma.

Por serem provenientes de Espíritos de baixa condição intelecto-moral, são cobertas ainda de todas as impurezas da matéria, e em nada diferem das que provenham de homens viciosos e grosseiros.

Geralmente são entidades obsessoras que se comunicam através daqueles a quem perseguem. Em trabalhos especiais essas entidades podem também se comunicar por médiuns que caridosamente lhes proporcionem tal oportunidade, porém, a comunicação não terá o caráter grosseiro, devido à boa educação mediúnica, que a filtra, reprimindo o que seja indesejável.

De acordo com o caráter dos espíritos grosseiros, essas comunicações podem ser:


Triviais,


Ignóbeis,


Obscenas,


Insolentes,


Arrogantes,


Malévolas,


Ímpias.


Comunicações Triviais: - Aquelas que são notórias, comuns, ordinárias, vulgares.


Comunicações Ignóbeis: - Aquelas em que há falta de nobreza, que são desprezíveis baixas, vis abjetas.


Comunicações Obscenas: - As que são contrárias ao pudor, à decência; comunicações torpes, lascivas, sensuais.


Comunicações Insolentes: - são aquelas onde há falta de respeito, desaforos, atrevimento, ousadia, desafio.

Comunicações Arrogantes: - Comunicações onde predomina o tom imperioso, altivo, soberbo, orgulhoso insolente.


Comunicações Malévolas: - Aquelas que exteriorizam a má índole, a malquerença, a maldade, a perversidade.


Comunicações Ímpias: - As comunicações que denotam a descrença, a falta de fé, a incredulidade.


Ä Comunicações Frívolas:

São aquelas que emanam de Espíritos levianos, zombeteiros, ou

brincalhões, antes maliciosos do que maus, e que nenhuma importância ligam ao que

dizem.

São comunicações verborrágicas (adj. Afetado de verborragia; em que há verborragia - s. f. (deprec.) Qualidade de quem fala ou discute com grande fluência ou abundância de palavras mas com poucas idéias; facúndia abundante e estéril; loquacidade; verborréia. (Do lat. verbu+gr. rhage.) e que não trazem conteúdo algum; às vezes pontilhadas de absurdos, pois são destituídas de todo senso lógico.

Como nada de indecoroso encerram, essas comunicações agradam a certas

pessoas, que com elas se divertem, porque encontram prazer nas confabulações fúteis,

em que muito se fala para nada dizer. Tais Espíritos saem-se às vezes com tiradas

espirituosas e mordazes e, por detrás do chiste (s. m. Dito espirituoso, engraçado; pilhéria; facécia; gracejo. (Do cast. chiste.), da graça, apresentam duras verdades que ferem com justeza.

Em torno de nós pululam (verbo pulular - v. intr. Reproduzir-se muito e depressa; brotar, germinar rapidamente; (fig.) aparecer em abundância; ser em grande número. (Do lat. pullulare.) os Espíritos levianos, que de todas as ocasiões aproveitam para se intrometerem nas comunicações.

"A verdade é o que menos os preocupa; daí o maligno encanto - diz Allan Kardec - que acham em mistificar os que têm a fraqueza e mesmo a presunção de neles crer sob palavra. "

"As pessoas que se comprazem nesse gênero de comunicações, naturalmente dão acesso aos espíritos levianos e falaciosos (falacioso - adj. Que usa falácia; enganador; burlão; falador; tagarela.). Delas se afastam os espíritos sérios do mesmo modo que na sociedade humana, os homens sérios evitam a companhia dos doidivanas (s. 2 gên. e 2 núm. Pessoa estouvada, imprudente, leviana. (Var.: doudivanas.)".

Geralmente são os espíritos que se prestam a revelar o futuro, a fazer predições, a dar palpites no destino da criatura humana que, balda (s. f. Mania; defeito ou falta habitual que caracteriza um indivíduo; (De baldar.) – palavra empregada no sentido de "destituída".) de orientação e segurança doutrinária, busca seus conselhos através das cartomantes, sortistas, etc.


Ä Comunicações Sérias:

São ponderadas quanto ao assunto e, elevadas, elegantes, quanto à forma. "Nem todos os espíritos sérios são igualmente esclarecidos; há muita coisa que eles ignoram e sobre que podem enganar-se de boa fé. Por isso é que os espíritos verdadeiramente superiores, nos recomendam de contínuo que submetamos todas as comunicações ao crivo da razão e da mais rigorosa lógica". (O Livro dos Médiuns, 2ª parte, Cap. X, n.º 136.).

"No tocante às comunicações sérias, cumpre se distingam as verdadeiras das falsas, o que nem sempre é fácil, porquanto, exatamente à sombra da elevação da linguagem, é que certos espíritos presunçosos ou pseudo-sábios, procuram conseguir a prevalência (s. f. Qualidade do que prevalece; supremacia; superioridade. (Do lat. praevalentia.) das mais falsas idéias e dos mais absurdos sistemas. E para melhor acreditados se fazerem e maior importância ostentarem, não escrupulizam (escrupulizar - v. tr. ind. Ter ou fazer escrúpulo; tr. dir. causar escrúpulo a; sentir escrúpulos em. (De escrúpulo.)escrúpulo - s. m. Estado de dúvida sobre a bondade ou ruindade de um ato; receio de errar; hesitação; suscetibilidade; cuidado minucioso. (Do lat. scrupulu.) de se adornarem (adornar - 1. v. tr. dir. Ornar, enfeitar, alindar; decorar. (Do lat. adornare.) com os mais respeitáveis nomes e até com os mais venerados (adj. Muito respeitado; que é objeto de veneração. Veneração - s. f. Ato ou efeito de venerar; respeito profundo; acatamento; preito; culto; reverência. (Do lat. veneratione.) ".


Ä Comunicações Instrutivas:

São as comunicações sérias cujo principal objeto consiste num ensinamento qualquer, dado pelos Espíritos, sobre as ciências, a moral, a filosofia, etc. São mais ou menos profundas, conforme o grau de elevação e de desmaterialização do Espírito. Para se retirarem frutos reais dessas comunicações, preciso é que elas sejam regulares e continuadas com perseverança.

Os Espíritos sérios se ligam aos que desejam instruir-se e lhes secundam (verbo secundar - v. tr. dir. Auxiliar; coadjuvar; reforçar; favorecer. (Do lat. secundare.) os esforços, deixando aos Espíritos levianos a tarefa de divertirem os que em tais manifestações só vêem passageira distração. Unicamente pela regularidade e freqüência daquelas comunicações se pode apreciar o valor moral e intelectual dos Espíritos que as dão e a confiança que eles merecem. Se, para julgar os homens, se necessita de experiência, muito mais ainda é esta necessária, para se julgarem os Espíritos.

Qualificando de instrutivas as comunicações, supomo-las verdadeiras, pois o que não for verdadeiro não pode ser instrutivo, ainda que dito na mais imponente (adj. 2 gên. Que se impõe ao respeito, à admiração; altivo; grandioso; magnificente.) linguagem. Nessa categoria, não podemos, consegüintemente, incluir certos ensinos que de sério apenas têm a forma, muitas vezes empolada (adj. Cheio de empolas; muito pomposo; extravagante.) e enfática (adj. Que tem ênfase; empolado; afetado. (Do gr. emphatikos.), com que os Espíritos que os ditam, mais presunçosos do que instruídos, contam iludir os que os recebem. Mas, não podendo suprir a substância que lhes falta, são incapazes de sustentar por muito tempo o papel que procuram desempenhar. A breve trecho, traem-se, pondo a nu a sua fraqueza, desde que alguma seqüência tenham os seus ditados, ou que eles sejam levados aos seus últimos redutos.

Adverte Kardec, em "O Livro dos Médiuns", parte 2, capítulo XXIV, intitulado "A identidade dos Espíritos" que:

"Já dissemos que os Espíritos devem ser julgados, como os homens, pela

linguagem de que usam. Suponhamos que um homem receba vinte cartas de pessoas que lhe são desconhecidas; pelo estilo, pelas idéias, por uma imensidade de indícios, enfim, verificará se aquelas pessoas são instruídas ou ignorantes, polidas ou mal educadas, superficiais, profundas, frívolas, orgulhosas, sérias, levianas, sentimentais, etc. Assim, também, com os Espíritos. Devemos considerá-los correspondentes que nunca vimos e procurar conhecer o que pensaríamos do saber e do caráter de um homem que

dissesse ou escrevesse tais coisas. Pode estabelecer-se como regra invariável e sem

exceção que - a linguagem dos Espíritos está sempre em relação com o grau de elevação a que já tenham chegado. Os Espíritos realmente superiores não só dizem unicamente coisas boas, como também as dizem em termos isentos, de modo absoluto, de toda trivialidade. Por melhores que sejam essas coisas, se uma única expressão denotando baixeza as macula (verbo macular - v. tr. dir. Pôr manchas em; sujar; (fig.) deslustrar, desdourar; infamar. (Do lat. maculare.), isto constitui um sinal indubitável de inferioridade; com mais forte razão, se o conjunto do ditado fere as conveniências pela sua grosseria. A linguagem revela sempre a sua procedência, quer pelos pensamentos que exprime, quer pela forma, e, ainda mesmo que algum Espírito queira iludir-nos sobre a sua pretensa superioridade, bastará conversemos algum tempo com ele para a apreciarmos.

A bondade e a afabilidade são atributos essenciais dos Espíritos depurados.

Não têm ódio, nem aos homens, nem aos outros Espíritos. Lamentam as fraquezas,

criticam os erros, mas sempre com moderação, sem fel e sem animosidade. Admita-se

que os Espíritos verdadeiramente bons não podem querer senão o bem e dizer senão

coisas boas e se concluirá que tudo o que denote, na linguagem dos Espíritos, falta de

bondade e de benignidade não pode provir de um bom Espírito.

A inteligência longe está de constituir um indício certo de superioridade,

porquanto a inteligência e a moral nem sempre andam emparelhadas. Pode um Espírito

ser bom, afável, e ter conhecimentos limitados, ao passo que outro, inteligente e instruído, pode ser muito inferior em moralidade.

Em se submetendo todas as comunicações a um exame escrupuloso, em se lhes perscrutando (verbo perscrutar - v. tr. dir. Indagar, investigar, averiguar minuciosamente; esquadrinhar; sondar; penetrar. (Do lat. perscrutari.) e analisando o pensamento e as expressões, como é de uso fazer-se quando se trata de julgar uma obra literária, rejeitando-se, sem hesitação, tudo o que peque contra a lógica e o bom-senso, tudo o que desminta o caráter do Espírito que se supõe ser o que se está manifestando, leva-se o desânimo aos Espíritos mentirosos, que acabam por se retirar, uma vez fiquem bem convencidos de que não lograrão iludir. Repetimos: este meio é único, mas é infalível, porque não há comunicação má que resista a uma crítica rigorosa. Os bons espíritos nunca se ofendem com esta, pois que eles próprios a aconselham e porque nada têm que temer do exame. Apenas os maus se formalizam e procuram evitá-lo, porque tudo têm a perder. Só com isso provam o que são."

Eis aqui o conselho que a tal respeito nos deu São Luís:

"Qualquer que seja a confiança legítima que vos inspirem os Espíritos que presidem aos vossos trabalhos, uma recomendação há que nunca será demais repetir e que deveríeis ter presente sempre na vossa lembrança, quando vos entregais aos vossos estudos: é a de pesar e meditar, é a de submeter ao cadinho da razão mais severa todas as comunicações que receberdes; é a de não deixardes de pedir as explicações necessárias a formardes opinião segura, desde que um ponto vos pareça suspeito, duvidoso ou obscuro."


Ä Dos Médiuns - Classificação Geral:

Todo aquele que sente, num grau qualquer, a influência dos Espíritos, é, por esse fato, médium. Essa faculdade é inerente ao homem; não constitui portanto, privilégio exclusivo, donde se segue que poucos são os que não possuem um rudimento dessa faculdade. Pode-se, pois, dizer que todos são, mais ou menos, médiuns. Todavia, usualmente, assim só se qualificam aqueles em que a faculdade mediúnica se mostra bem caracterizada e se traduz por efeitos patentes, de certa intensidade, o que então depende de uma organização mais ou menos sensitiva. O fluido perispirítico é o agente de todos os fenômenos espíritas, que só se produzem pela ação recíproca dos fluidos que emitem, o médium e o Espírito. O desenvolvimento da faculdade mediúnica depende da natureza mais ou menos expansiva do perispírito do médium e da maior ou menor facilidade da sua assimilação pelo dos Espíritos; depende, portanto, do organismo e pode se desenvolvida quando existia o princípio; não pode, porém, ser adquirida quando o princípio não exista.

A predisposição mediúnica independe do sexo, da idade e do temperamento, bem como da condição social, da raça, da cultura e até mesmo das qualidades morais.

Às relações entre os Espíritos e os médiuns se estabelecem por meio dos respectivos perispíritos, dependendo a facilidade dessas relações do grau de afinidade existentes entre os dois fluidos. Alguns há que se combinam facilmente, enquanto outros se repelem, donde se segue que não basta ser médium para que uma pessoa se comunique indistintamente com todos os Espíritos. Há médiuns que só com certos Espíritos podem comunicar-se ou com Espíritos de certas categorias, e outros que não o podem a não ser pela transmissão do pensamento, sem qualquer manifestação exterior.

Combinando os fluídos perispiríticos, os Espíritos não só transmitem aos médiuns seus pensamentos, como também chegam a exercer sobre eles uma influência física, fazem-nos agir ou falar à sua vontade, obrigam-nos a dizer o que eles queiram. Todavia, a elevação moral do médium e seu controle sobre a faculdade que possui impedirá que os espíritos inferiores se adonem (adonar-se - v. pr. (bras. do sul) Tornar-se dono de alguma coisa, usando de astúcia, ou de forma desonesta. (De dono.) da sua faculdade e paralisem-lhe o livre arbítrio.

Podem os Espíritos manifestar-se de uma infinidade de maneiras, mas não o podem senão com a condição de acharem uma pessoa apta a receber e transmitir impressões deste ou daquele gênero, segundo as aptidões que possua. Da diversidade de aptidões decorre que há diferentes espécies de médiuns.

Inicialmente, podemos classificar os médiuns em:


Médiuns Facultativos ou Voluntários;


Médiuns Involuntários ou Naturais.


Ä Médiuns Facultativos ou Voluntários:

Só se encontram entre pessoas que têm conhecimento mais ou menos completo dos meios de comunicação com os Espíritos, o que lhes possibilita servir-se, por vontade própria, de suas faculdades. Não que realizem quando queiram os fenômenos, pois sem a vontade do Espírito que se irá comunicar nada conseguirão, porém, são senhores da faculdade que possuem, não permitindo que se dêem comunicações extemporâneas (extemporâneo - adj. Que vem fora do tempo; intempestivo; inoportuno. (Do lat. extemporaneu.) e em momentos impróprios. Sabem que possuem a faculdade e se predispõem ao intercâmbio com o mundo dos Espíritos.


Ä Médiuns Involuntários ou Naturais:

Também denominados inconscientes, pelo Codificador, por não terem consciência da faculdade que possuem. São aqueles cuja influência se exerce a seu mau grado. Existem entre as pessoas que nenhuma idéia fazem do Espiritismo, e nem dos Espíritos, até mesmo entre as mais incrédulas e que servem de instrumento, sem o saberem e sem o quererem. Muitas vezes, o que de anormal se passa em torno deles não se lhes afigura de modo algum extraordinário. Isso faz parte deles.

Os fenômenos espíritas de todos os gêneros podem operar-se por influência destes últimos, que sempre existiram, em todas as épocas e no seio de todos os povos. A ignorância e a credulidade lhes atribuíram um poder sobrenatural e, conforme os tempos e os lugares, fizeram deles santos, feiticeiros, loucos ou visionários. O Espiritismo mostra que com eles apenas se dá a manifestação espontânea de uma faculdade natural.


Ä Classificação Geral dos Médiuns:

Geralmente, os médiuns têm uma aptidão especial para os fenômenos desta, ou daquela ordem, donde resulta que formam tantas variedades, quantas são as espécies de manifestações.

De acordo com seus efeitos, a mediunidade pode ser classificada em dois grandes grupos: a de efeitos físicos e a de efeitos intelectuais.

I) – Mediunidade de efeitos físicos materiais ou objetivos: é a que sensibiliza diretamente os órgãos dos sentidos dos observadores.

II) – Mediunidade de efeitos intelectuais ou subjetivos: é a que fere a racionalidade e o intelecto.

Na seqüência, estaremos procedendo a uma classificação didática dos médiuns, de acordo com as aptidões ou os efeitos/resultados das manifestações:



a) - Médiuns de Efeitos Físicos:

São os mais aptos, especialmente, à produção de fenômenos materiais, como a movimentação de objetos sem contato físico, traduzindo uma vontade, um sentimento (sematologia), os sinais por pancadas formando palavras e frases inteligentes (tiptologia), etc. Sempre, nestes fenômenos há o concurso voluntário ou involuntário de médiuns dotados de faculdades especiais. Em geral, têm por agentes Espíritos de ordem inferior, uma vez que os Espíritos elevados só se preocupam com comunicações inteligentes e instrutivas .

Cumpre, entretanto, ponderar que a faculdade de produzir efeitos materiais raramente existe nos que dispõem de mais perfeitos meios de comunicação, quais a escrita e a palavra. Em geral, a faculdade diminui num sentido à proporção que se desenvolve em outro.

Também enquadram-se dentro dos efeitos físicos:

a Materialização - de Espíritos, objetos, etc.

a Transfiguração - modificação dos traços fisionômicos do próprio médium.

a Levitação – erguimento de objetos e pessoas, contrariando a Lei da Gravidade.

o Transporte – entrada e saída de objetos de recintos hermeticamente fechados.

a Bilocação ou Bicorporeidade – aparecimento do espírito do médium desdobrado sob forma materializada, em lugar diferente ao do corpo.

a Escrita Direta – palavras, frases, mensagens escritas sem a utilização da mão do médium. Dá-se o nome de Médiuns Pneumatógrafos àqueles que têm aptidão para obter a escrita direta. Esta faculdade é bastante rara. Desenvolve-se pelo exercício, mas sem utilidade prática. Limita-se a uma comprovação patente de intervenção de uma força oculta nas manifestações.

a Voz Direta – Conforme bem define Lamartine Palhano Jr. no seu Dicionário de Filosofia Espírita, "é o fenômeno de efeitos físicos, ectoplasmáticos, no qual um Espírito forma sua própria garganta (aparelho fonador) e fala, sem o auxílio direto do corpo do médium."

Observamos, que apesar do Espírito não se utilizar diretamente do corpo do médium, é necessário que este forneça o ectoplasma (vide ao final definição), indispensável à realização do fenômeno.

O fenômeno da Pneumatofonia é quase sempre espontâneo e só raramente pode ser provocado.

Dá-se o nome de Médiuns Pnematofônicos àqueles que têm aptidão para provocar/obter o fenômeno da Voz Direta.


Nos ocuparemos, a partir de agora, com a mediunidade de efeitos intelectuais ou subjetivos


b) - Médiuns Sensitivos, Impressivos ou Impressionáveis:

Dá-se esta denominação às pessoas suscetíveis de pressentir a presença dos Espíritos, por impressão vaga, como por exemplo, um ligeiro atrito em todos os membros, fato que não logram explicar. Tal sutileza pode essa faculdade adquirir, que aquele que a possui reconhece, pela impressão que experimenta, não só a natureza, boa ou má, do Espírito que lhe está ao lado, mas também a sua individualidade.





- Médiuns Audientes:

São os médiuns que ouvem os Espíritos; é, algumas vezes, como se escutassem uma voz interna que lhes ressoasse no foro íntimo; doutras vezes, é uma voz exterior, clara e distinta, qual a de uma pessoa viva.

Aquele que não é médium audiente pode comunicar-se com um Espírito por via de um médium audiente que lhe transmite as palavras.



- Médiuns Psicofônicos ou Falantes:

São aqueles que possibilitam aos Espíritos a comunicação oral com outras pessoas encarnadas. Neste caso uma terceira pessoa pode travar conversação normal com o Espírito comunicante.



- Médiuns Videntes:

Os médiuns videntes são os dotados da faculdade de ver os Espíritos. Alguns gozam dessa faculdade em estado normal, quando perfeitamente acordados (estado de vigília), e conservam lembrança precisa do que viram. Outros só a possuem em estado sonambúlico ou próximo do sonambulismo (vide definição mais completa ao final). Raro é que esta faculdade se mostre permanente; quase sempre é efeito de uma crise passageira.



- Médiuns Sonambúlicos:

O sonambulismo é um tipo de transe e pode ser anímico (do próprio médium), ou mediúnico (com interferência e influência da Espiritualidade). Quando o fenômeno é anímico, é a alma que nos momentos de emancipação, vê, ouve e percebe, fora dos limites dos sentidos; o médium, ao contrário, é instrumento de uma inteligência estranha, de um Espírito.



- Médiuns Curadores:

Este gênero de mediunidade consiste, principalmente, no dom que possuem certas pessoas de curar pelo simples toque, pelo olhar mesmo por um gesto, sem o concurso de qualquer medicação, instrumentos ou materiais. Geralmente a faculdade é espontânea e, embora haja a utilização do fluido magnético, alguns médiuns curadores jamais ouviram falar de magnetismo.

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- Médiuns Psicógrafos ou Escreventes:

São os médiuns aptos a receber a comunicação dos Espíritos através da escrita. Como afirma Allan Kardec, "de todos os meios de comunicação, a escrita manual é o mais simples, mais cômodo e sobretudo mais completo". Para o médium, a faculdade de escrever é a mais suscetível de desenvolver-se pelo exercício e proporciona a todos um exame acurado e minucioso da mensagem recebida.


Dentro do estudo da mediunidade de efeitos intelectuais ou subjetivos, cumpre-se o registro do fenômeno da psicometria.

Psicometria: - Na mediunidade estudada à luz da Doutrina Espírita, a psicometria é uma variedade da psicoscopia, isto é, uma faculdade que tem o médium de estabelecer contato com toda a vida psíquica de alguém, coisa ou ambiente, podendo perscrutar o passado, presente e o futuro. O médium localiza no tempo e no espaço o objeto de suas perquirições, seguindo-o por uma espécie de "rastreamento" psíquico. (Grupo de Fenômenos Psicométricos segundo Ernesto Bozzano – Enigmas da Psicometria, 1949).



Relações psicométricas:

No passado – Retrocognitivas – com pessoas, animais, vegetais vivos e objetos inanimados.

No presente – Cognitivas – espontâneas ou indutivas, pela proximidade do objeto.

No futuro – Precognitivas – à distância do ambiente com o objeto relacionado.


Observações finais:


Ectoplasma: segundo definição de Lamartine Palhano Jr., em seu Dicionário de Filosofia Espírita:

"(Do grego: ektós = indica movimento para fora; plasma = obra modelável, substância plástica). (Metapsíquica). Palavra utilizada por Charles Richet para definir uma substância caracterizada como uma espécie de plasma, flexível, viscoso, incolor e inodoro, sensível ao pensamento, que escapa do organismo de certos indivíduos, através dos poros e dos orifícios naturais do corpo. Trata-se de um transe biológico, quando não há apenas dissociação psíquica, mas também biológica. Segundo o Espírito André Luiz, no livro "Nos Domínios da Mediunidade", psicografado por Chico Xavier, "o ectoplasma está situado entre a matéria densa e a matéria perispirítica, assim como um produto de emanações da alma pelo filtro do corpo, e é o recurso peculiar não somente ao homem, mas a todas as formas da natureza. Em certas organizações fisiológicas especiais da raça humana, comparece em maiores proporções e em relativa madureza para a manifestação necessária aos efeitos físicos. É um elemento amorfo, mas de grande potência e vitalidade.

Pode ser comparado a uma genuína massa protoplasmática, sendo extremamente sensível, animado de princípios criativos que funcionam como condutores de eletricidade e magnetismo, mas que se subordinam, invariavelmente, ao pensamento e à vontade do médium que o exterioriza ou dos Espíritos desencarnados ou não, que sintonizam com a mente mediúnica, senhoreando-lhe o modo de ser. Infinitamente plástico, dá forma parcial ou total às entidades que se fazem visíveis aos olhos dos companheiros terrestres, ou diante da objetiva fotográfica, dá consistência aos fios, bastonetes ou outros tipos de formações, visíveis ou invisíveis nos fenômenos de levitação, e substancializa as imagens criadas pela imaginação do médium ou dos companheiros que o assistem mentalmente afinados com ele".

Definição – substância que emana do corpo de um médium capaz de produzir fenômenos de efeitos físicos ou aparições à distância. Trata-se de uma exalação fluídica, sensível ao pensamento, visível ou invisível, plástica, inodora, insípida, originalmente incolor, que tem a semelhança de uma massa protoplasmática.

Natureza – independente do caráter e das qualidades morais do médium, constituindo emanações do sistema psicofísico, das quais o citoplasma celular é uma de suas fontes de origem.

Elementos Essenciais – 1.º Fluidos sutis procedentes do mundo espiritual; 2.º Recursos fluídicos do médium e dos assistentes encarnados; 3.º Emanações fluídicas retiradas da natureza terrestre.

Propriedades – Plasticidade: adaptabilidade às diretivas do pensamento; Penetrabilidade: atravessa obstáculos materiais e interpenetra nas entranhas da matéria, produzindo alterações nas vibrações atômicas (desmaterialização); Condutibilidade: é capaz de produzir energia em suas diversas modalidades, eletricidade, magnetismo; Sensibilidade: responde a estímulos, reage à ação mental, à luz (foto-sensível) e ao toque material; Invisibilidade: pode ser encontrado em estado rarefeito e invisível. – Das obras "Missionários da Luz" e "Nos Domínios da Mediunidade", ditadas pelo Espírito André Luiz ao médium Chico Xavier.

Sonambulismo: Idem do mesmo autor e obra citada na definição anterior.

"(Do latim: sonnus = sono, e ambulare = passear, andar); Estado de emancipação da alma mais completo do que o do sonho. O sonho, vindo durante o sono comum, é um sonambulismo imperfeito. No sonambulismo, a lucidez da alma é, como se diz, a faculdade de ver, que é um dos atributos de sua natureza, e mais desenvolvida; ela, a alma, vê as coisas com mais precisão e mais nitidez; o corpo pode agir sob a impulsão da vontade da alma. O esquecimento absoluto no momento de acordar é um dos sinais característicos do verdadeiro sonambulismo (transe profundo, inconsciente), pois que a independência da alma em relação ao corpo é mais completa que quando num sonho, durante as horas do sono natural. Esse esquecimento, entretanto, não é uma condição obrigatória.




Bibliografia:


Kardec, Allan - O Livro dos Médiuns, 2.ª parte, Capítulos X, itens 133 – 137; XII itens 146 - 151 e XXIV, itens 263 – 266.
Kardec, Allan – Obras Póstumas, 1.ª parte Manifestação de Espíritos, §§ 1.º e 6.º
Denis, Léon – No Invisível, capítulos XVIII e XIX.
Palhano Jr., Lamartine – Dicionário de Filosofia Espírita.
Franco, Divaldo Pereira e Teixeira, José Raul – Diretrizes de Segurança, pergunta n.º 01.
Apostila da FEP – Estudo sistematizado da Doutrina Espírita, programa II - Estudos acerca da Mediunidade, Unidade I – Aspectos gerais de mediunidade, subunidade 2 Mediunidade.
Apostila do COEM – Centro de Orientação e Educação Mediúnica do Centro Espírita Luz Eterna – Curitiba. 3.ª e 4.ª sessões teóricas – Da Natureza das Comunicações e Dos Médiuns.

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