quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

LEI DA REPRODUÇÃO

Introdução:

Encontramos em "O Livro dos Espíritos", na questão 686, a seguinte indagação:

"É a lei da Natureza a reprodução dos seres vivos? A que a espiritualidade maior responde:

"Evidentemente. Sem a reprodução, o mundo corporal pereceria."

Menciona Rodolfo Calligaris no seu livro "As leis Morais", que, sem margem de qualquer dúvida, a reprodução dos seres vivos é lei da natureza e preenche uma necessidade do mecanismo da Evolução.


Ä Os Espíritos tem sexo?

O Livro dos Espíritos é bastante claro com relação à questão.

200. Têm sexos os Espíritos?

"Não como o entendeis, pois que os sexos dependem da organização. Há entre eles amor e simpatia, mas baseados na concordância dos sentimentos."

201. Em nossa existência, pode o Espírito que animou o corpo de um homem animar o de uma mulher e vice-versa?

"Decerto; são os mesmos os Espíritos que animam os homens e as mulheres."

202. Quando errante, que prefere o Espírito; encarnar no corpo de um homem, ou no de uma mulher?

"Isso pouco lhe importa. O que o guia na escolha são as provas por que haja de passar."

Complementa Kardec: "Os Espíritos encarnam como homens ou como mulheres, porque não têm sexo. Visto que lhes cumpre progredir em tudo, cada sexo, como cada posição social, lhes proporciona provações e deveres especiais e, com isso, ensejo de ganharem experiência. Aquele que só como homem encarnasse só saberia o que sabem os homens."

Encontramos em "A Gênese", Capítulo II, item 3, n.º 11 – Espíritos Felizes – o depoimento do Espírito Sanson que foi membro da Sociedade Espírita de Paris falecido em 21 de abril de1862 que, prevendo sua a morte, dirigira ao Presidente da Sociedade uma carta com o tópico singular de que, após o seu desenlace, fosse evocado o seu Espírito o mais breve possível, afim de poder prestar esclarecimentos, auxiliando, desta forma, o estudo com relação à vida após morte.

Em assim procedendo, obteve-se do Espírito, importantes elucidações que, com relação ao assunto em pauta, ressaltamos como de grande importância a questão:

11. - Os Espíritos não têm sexo; mas como há poucos dias éreis um homem, desejamos saber se no vosso novo estado tendes mais da natureza masculina ou da feminina? E o mesmo que se dá convosco poder-se-á aplicar ao Espírito de longo tempo desencarnado?

- R. Não temos motivo para ser de natureza masculina ou feminina:

- os Espíritos não se reproduzem. Deus criou-os como quis, e tendo segundo seus maravilhosos desígnios de dar-lhes a encarnação, sobre a Terra, subordinou-os aí às leis de reprodução das espécies, caracterizada pela junção dos sexos. Mas vós deveis senti-lo, sem mais explicação, que os Espíritos não podem ter sexo.

Nota - Sempre disseram que os Espíritos não têm sexo, sendo este apenas necessário à reprodução dos corpos. De fato, não se reproduzindo, o sexo ser-lhes-ia inútil. A nossa pergunta não visava confirmar o fato, mas saber, visto que o Sr. Sanson desencarnara recentemente, as impressões que guardava do seu estado terreno. Os Espíritos puros compreendem perfeitamente a sua natureza, porém, entre os inferiores, não desmaterializados, muitos há que se acreditam encarnados sobre a Terra, com as mesmas paixões e desejos. Assim, pensam eles que são ainda os mesmos que foram, isto é, homem ou a mulher, havendo quem por esta razão suponha ter realmente um sexo. As contradições a tal respeito são oriundas da graduação de adiantamento dos Espíritos que se manifestam, sendo o erro menos deles que de quem os interroga sem se dar ao trabalho de aprofundar as questões.


Ä A População do Globo, a sucessão e o aperfeiçoamento das raças:

Com relação ao assunto, é importante analisar-se inicialmente, o que dizem as questões referentes em "O Livro dos Espíritos":

Questão 687 - Indo sempre a população na progressão crescente que vemos, chegará tempo em que seja excessiva na Terra?

"Não, Deus a isso provê e mantém sempre o equilíbrio. Ele coisa alguma inútil faz. 0 homem, que apenas vê um canto do quadro da Natureza, não pode julgar da harmonia do conjunto."

Questão 688 - Há, neste momento, raças humanas que evidentemente decrescem. Virá momento em que terão desaparecido da Terra?

"Assim acontecerá, de fato. É que outras lhes terão tomado o lugar, como outras um dia tomarão o da vossa."

Questão 689 - Os homens atuais formam uma criação nova, ou são descendentes aperfeiçoados dos seres primitivos?

"São os mesmos Espíritos que voltaram, para se aperfeiçoar em novos corpos, mas que ainda estão longe da perfeição. Assim, a atual raça humana, que pelo seu crescimento, tende a invadir toda a Terra e a substituir as raças que se extinguem, terá sua fase de decrescimento e de desaparição. Substituí-las-ão outras raças mais aperfeiçoadas, que descenderão da atual, como os homens civilizados de hoje descendem dos seres brutos e selvagens dos tempos primitivos."

Questão 690 - Do ponto de vista físico, são de criação especial os corpos da raça atual, ou procedem dos corpos primitivos, mediante reprodução?

"A origem das raças se perde na noite dos tempos. Mas, como pertencem todas à grande família humana, qualquer que tenha sido o tronco de cada uma, elas puderam aliar-se entre si e produzir tipos novos."

Questão 691 - Qual, do ponto de vista físico, o caráter distintivo e dominante das raças primitivas?

"Desenvolvimento da força bruta, à custa da força intelectual. Agora, dá-se o contrário: o homem faz mais pela inteligência do que pela força do corpo. Todavia, faz cem vezes mais, porque soube tirar proveito das forças da Natureza, o que não conseguem os animais."

Questão 692 - Será contrário à lei da Natureza o aperfeiçoamento das raças animais e vegetais pela Ciência? Seria mais conforme a essa lei deixar que as coisas seguissem seu curso normal?

"Tudo se deve fazer para chegar à perfeição e o próprio homem é um instrumento de que Deus se serve para atingir seus fins. Sendo a perfeição a meta para que tende a Natureza, favorecer essa perfeição é corresponder às vistas de Deus."

a) - Mas, geralmente, os esforços que o homem emprega para conseguir a melhoria das raças nascem de um sentimento pessoal e não objetivam senão o acréscimo de seus gozos. Isto não lhe diminui o mérito?

"Que importa seja nulo o seu merecimento, desde que o progresso se realize? Cabe-lhe tornar meritório, pela intenção, o seu trabalho. Demais, mediante esse trabalho, ele exercita e desenvolve a inteligência e sob este aspecto é que maior proveito tira."

O Espírito Emmanuel, no Livro "O Consolador", psicografado por Francisco Cândido Xavier, oferece importantes esclarecimentos, com relação às perguntas que lhe são formuladas:

Pergunta: Nos planos espirituais a história das civilizações terrestres é conhecida nas mesmas características em que a conhecemos através dos narradores humanos?

Resposta: A descrição dos fatos é aproximadamente a mesma; todavia, os métodos de apreciação dos acontecimentos e das situações divergem de maneira quase absoluta.

Muitas vezes os heróis nos livros da Terra são entidades misérrimas na esfera espiritual. Verifica-se, então, o contrário. Conhecemos Espíritos altíssimos que vieram do mundo cobertos de virtudes gloriosas, e que não constam de nenhuma lembrança da Humanidade. Os altares e as galerias patrióticas da Terra foram sempre comprometidos pela política rasteira das paixões. Poucos heróis do Planeta fazem jus a esse título no mundo da verdade.

É por essa razão que a história do orbe sendo exata, no concernente à descrição e à cronologia, é ilegítima no que se refere à justiça e à sinceridade.

Pergunta: As primeiras formas planetárias obedeceram a um molde especial preexistente?

Resposta: Jesus foi o divino escultor da obra geológica do planeta. Junto de seus prepostos, iluminou a sombra dos princípios com os eflúvios sublimados do seu amor, que saturaram todas as substâncias do mundo em formação.

Não podemos afirmar que as formas da Natureza, em sua manifestação inicial, obedecessem a um molde preexistente, no sentido de imitação, porque todas elas receberam o influxo sagrado coração do Cristo.

A verdade é que, assim como nas vossas construções materiais, todas as obras viveram previamente no cérebro de um engenheiro ou de um arquiteto, todas as formas de vida na Terra foram primeiramente concebidas na sua visão divina.

Pergunta: Tendo sido a Terra formada pelo poder divino, porque passou o planeta por tantas etapas evolutivas, muitas das quais duraram milhões de anos?

Resposta: No infinito do Universo, a evolução do princípio espiritual tem de escapar a todas as vossas limitações de tempo e de espaço, na tábua dos valores terrestres.

As aquisições de cada indivíduo resultam da lei do esforço próprio no caminho ilimitado da Criação, destacando-se daí as mais diversas posições evolutivas das criaturas e compreendendo-se que tempo e espaço são laboratórios divinos, onde todos os princípios da vida são submetidos às experiências do aperfeiçoamento, de modo que cada um deva a si mesmo todas as realizações, no dia de aquisição dos mais altos valores da vida.


Ä : Obstáculos à reprodução:

Inicialmente vejamos o que nos diz "O Livro dos Espíritos" a respeito deste tema tão importante.

Questão 693 - São contrários à lei da Natureza as leis e os costumes humanos que têm por fim ou por efeito criar obstáculos à reprodução?

"Tudo o que embaraça a Natureza em sua marcha é contrário à lei geral".

a) - Entretanto, há espécies de seres vivos, animais e plantas, cuja reprodução indefinida seria nociva a outras espécies e das quais o próprio homem acabaria por ser vitima. Pratica ele ato repreensível, impedindo essa reprodução?

"Deus concedeu ao homem. sobre todos os seres vivos, um poder de que ele deve usar, sem abusar. Pode, pois, regular a reprodução, de acordo com as necessidades. Não deve opor-se-lhe sem necessidade. A ação inteligente do homem é um contrapeso que Deus dispôs para restabelecer o equilíbrio entre as forças da Natureza e é ainda isso o que o distingue dos animais, porque ele obra com conhecimento de causa. Mas, os mesmos animais também concorrem para a existência desse equilíbrio, porquanto o instinto de destruição que lhes foi dado faz com que, provendo à própria conservação, obstem ao desenvolvimento excessivo, quiçá perigoso, das espécies animais e vegetais de que se alimentam".

Questão 694 – Que se deve pensar dos usos, cujo efeito consiste em obstar á reprodução, para satisfação da sensualidade?

"Isso prova a predominância do corpo sobre a alma e quanto o homem é material."

Ensina Rodolfo Calligaris no seu livro "As Leis Morais", que com relação ao controle da natalidade humana, objeto, hoje, de complexas pesquisas nos campos da Biologia, da Genética, da Farmacologia, da Sociologia, etc., a Doutrina Espírita nos autoriza afirmar que, "em havendo razões realmente justas para isso, pode o homem limitar sua prole, evitando a concepção".

Neste aspecto três pontos devem ser ressaltados:

1 – Pode-se evitar a concepção, nunca porém destruir uma vida já em processo de formação.

2 - Deve-se adotar métodos não agressivos à natureza humana, ou que lhe possa trazer desequilíbrio em sua estrutura psicofísica.

3 - Deve-se levar em conta que os usos, cujo efeito consiste em obstar a reprodução para satisfação única e exclusiva da sensualidade são provas de uma natureza ainda muito ligada à matéria e desprovida dos valores espirituais.

A ordenação bíblica – "Crescei e multiplicai-vos" – não tem sido, até hoje, bem compreendida por todos.

Os que interpretam as escrituras literalmente, sem penetrar-lhes o espírito, vêem nessas palavras uma determinação Divina estabelecendo que a reprodução das espécies, inclusive a humana, deva ser livre e ilimitada e que obstá-la seria grave pecado.

Entretanto, embora a reprodução dos seres seja regida pela Lei Divina, não significa que seja proibido ao homem adotar certas medidas para a regular. Tudo depende da finalidade que se tenha em vista.

Portanto, o preceito bíblico não determina que a reprodução humana deva acontecer sem qualquer discriminação, subordinada apenas ao instinto natural, ao contrário, fatores sociais, econômicos, saúde física dos genitores, principalmente da mãe, devem ser levados em conta.

É preciso se reconheça que o lar não é um estabelecimento destinado a reproduzir seres humanos em série, mas sim um santuário-escola, onde os pais devem pontificar como plasmadores de nobres caracteres, incutindo nos filhos, a par do amor a Deus, uma vivência sadia, pautada nos princípios da Moral e da justiça, de modo que se tornem elementos úteis a si mesmos, à família e à sociedade.

O homem se distingue dos animais - disseram ainda os mentores da Codificação – "por obrar com conhecimento de causa" - Portanto, o que dele se espera não é apenas que procrie por força do instinto se tal, qual mero reprodutor, mas que, convém repeti-lo dignifique o nome de pai ou de mãe com que Deus lhe honra a existência.

Cumpre-se aqui, uma importante observação: Há quem não admita nenhum motivo para a limitação dos filhos, ou seja, o planejamento da família, na suposição de que tal medida, se constitua um entrave à Lei de Progresso, por reduzir as oportunidades de que os desencarnados necessitam para expiar delitos do passado.

No entanto, é preciso a compreensão de que, se existem tantos seres precisando retornar à Terra, para provações reparadoras, visto se acharem endividados perante a Justiça Divina, é precisamente porque faltou a muitos, nas encarnações anteriores, a orientação espiritual que só um lar bem constituído pode oferecer, e que lançar ao mundo proles destinadas ao abandono, absolutamente não ajuda o adiantamento da Terra, antes o retarda, pois contribui para aumentar o número dos desajustados, dos marginais e dos criminosos de todas sorte, infelizes que, por sua vez, exigiriam outras tantas oportunidades de reajuste e assim sucessivamente, numa progressão geométrica que não acabaria mais.

Complementa seu pensamento Rodolfo Calligaris, afirmando que, é preferível ter poucos filhos e fazer deles homens de bem, a tê-los numerosos, mas abandoná-los à própria sorte, como acontece amiúde.

Por outro lado, o que não guarda nenhuma relação com o que até então foi exposto, é a situação em que casais, evitam ou limitam os filhos, atendendo tão somente ao comodismo, à tranqüilidade de suas vidas; obviamente, se tornam tanto mais repreensíveis quanto maiores sejam as suas possibilidades de concebê-los, criá-los e educá-los.


Ä O Aborto:

Na Parte Segunda, Capítulo VII, do Livro dos Espíritos, a partir do subitem "União da alma e do corpo", encontramos a formulação de uma pergunta direta e objetiva com relação ao aborto:

Questão 358: "Constitui crime a provocação do aborto em qualquer período de gestação?"

Os espíritos respondem:

"Há crime sempre que transgredis a lei de Deus. Uma mãe, ou quem quer que seja, cometerá crime sempre que tirar a vida a uma criança antes do seu nascimento, por isso que impede uma a alma de passar pelas provas a que serviria de instrumento o corpo que se estava formando"

Se existem razões imperiosas que justificam ou tornam aconselhável a limitação dos filhos, é importante deixar muito claro que, mesmo no caso em que o controle da natalidade se imponha como absolutamente necessário, somente são permitidos os recursos que visem impedir a concepção, quais a abstinência das relações sexuais nos períodos fecundos da mulher, ou um outro processo anticoncepcional que venha a ser descoberto pela ciência que reconhecidamente seja inofensivo à saúde , NUNCA, porém a interrupção da gravidez, pois salvo uma única exceção (quando coloca em risco a vida da mãe) o aborto se constitui em crime, e dos mais nefandos, por não dar à vitima qualquer possibilidade de defesa.

Sobre este assunto André Luiz, através de um personagem em uma das tramas do livro "Ação e Reação", nos oferece a seguinte lição:

"...A mulher que o promove ou que venha a coonestar semelhante delito é constrangida, por leis irrevogáveis, a sofrer alterações deprimentes no centro genésico de sua alma, predispondo-se geralmente a dolorosas enfermidades, quais sejam o vaginismo, a metralgia, o enfarte uterino, a tumoração cancerígena, flagelos esses com os quais, muita vez, desencarna, demandando ao Além para responder, perante a justiça Divina, pelo crime praticado".

Por outro lado, a figura paterna não pode ficar isenta de qualquer responsabilidade, pois a falta de amparo, o abandono, a inconseqüência do elemento masculino, influenciam muito na decisão da mulher com relação à prática do aborto. São eles, portanto igualmente responsáveis.

Espiritualmente, os reflexos da criminosa irresponsabilidade dos pais, rechaçando aqueles que deveriam reencarnar, e com os quais, não raro, haviam assumido sagrados compromissos, são ainda mais danosos, pois em grande número de casos, sentindo-se roubadas ou traídas em sua oportunidade de evolução pelo retomo à carne, essas entidades passam a votar ódio profundo, àqueles que lhe recusaram uma nova existência e sequiosos de vingança, ligam-se a eles por dolorosos processos obsessivos.


Ä Casamento e Celibato:

Vejamos inicialmente o que nos diz "O Livro dos Espíritos":

695 - Será contrário à lei da Natureza o casamento, isto é, a união permanente de dois seres?

"É um progresso na marcha da Humanidade."

696 - Que efeito teria sobre a sociedade humana a abolição do casamento?

"Seria uma regressão à vida dos animais."

Observações de Kardec: O estado de natureza é o da união livre e fortuita dos sexos. O casamento constitui um dos primeiros atos de progresso nas sociedades humanas, porque estabelece a solidariedade fraterna e se observa entre todos os povos, se bem que em condições diversas. A abolição do casamento seria, pois regredir à infância da Humanidade e colocaria o homem abaixo mesmo de certos animais que lhe dão o exemplo de uniões constantes.

697 - Está na lei da Natureza, ou somente na lei humana, a indissolubilidade absoluta do casamento?

"É uma lei humana contrária à da Natureza. Mas os homens podem modificar suas leis : só as da Natureza são imutáveis."

698. O celibato voluntário representa um estado de perfeição meritório aos olhos de Deus?

"Não, e os que assim vivem, por egoísmo, desagradam a Deus e enganam o mundo."

699. Da parte de certas pessoas, o celibato não será um sacrifício que fazem com o fim de se votarem, de modo mais completo, ao serviço da Humanidade?

"Isso é muito diferente. Eu disse: por egoísmo. Todo sacrifício pessoal é meritório, quando feito para o bem. Quanto maior o sacrifício, tanto maior o mérito."

Complementa Kardec: Não é possível que Deus se contradiga, nem que ache mau o que ele próprio fez. Nenhum mérito, portanto, pode haver na violação da sua lei. Mas, se o celibato, em si mesmo, não é um estado meritório, outro tanto não se dá quando constitui, pela renúncia às alegrias da família, um sacrifício praticado em prol da Humanidade. Todo sacrifício pessoa, tendo em vista o bem e sem qualquer idéia egoísta, eleva o homem acima da sua condição material.

Segundo a visão da Doutrina Espírita, o celibato, se adotado para escapar às canseiras e responsabilidades da família, contraria frontalmente a Lei do Amor, pois revela toda a força do egoísmo.

Com relação ao celibato de religiosos praticado desde a mais remota Antigüidade, entre persas e babilônicos, monges budistas e iniciados essênios e ainda hoje praticado principalmente no seio do Catolicismo Romano, não há como deixar de reconhecer que foi, é e será, sempre meritório, desde que renunciando às satisfações e ao aconchego da vida doméstica, o celibatário alimente o sincero propósito de melhor servir à coletividade.

Com efeito, os sacrifícios daqueles sacerdotes e freiras que, observando a castidade, se mostram capazes de total devotamento ao próximo, seja na assistência espiritual, nas tarefas educacionais, nos serviços hospitalares, em asilos, creches, orfanatos e em misteres outros, em que dão o máximo de si sem pensar em si, constituem exemplos grandiosos de amor sublimado.

Contudo, cumpre-nos refletir que o celibato não pode ser considerado o estado, ideal para o ser humano, dadas as condições e as finalidades da vida neste mundo.


Ä Poligamia:

Em duas questões, analisa a Espiritualidade os aspectos referentes à poligamia – O Livro dos Espíritos – questões 700 e 701.

700. A igualdade numérica, que mais ou menos existe entre os sexos, constitui indício da proporção em que devam unir-se?

"Sim, porquanto tudo, em a Natureza, tem um fim."

701. Qual das duas, a poligamia ou a monogamia, é mais conforme à lei da Natureza?

"A poligamia é lei humana cuja abolição marca um progresso social. O casamento, segundo as vistas de Deus, tem que se fundar na afeição dos seres que se unem. Na poligamia não há afeição real: há apenas sensualidade."

Complementa Kardec: "Se a poligamia fosse conforme à lei da Natureza, devera ter possibilidade de tornar-se universal, o que seria materialmente impossível, dada a igualdade numérica dos sexos.

Deve ser considerada como um uso ou legislação especial apropriada a certos costumes e que o aperfeiçoamento social fez que desaparecesse pouco a pouco."

A poligamia, costume introduzido em épocas mais primitivas do desenvolvimento da humanidade, por motivos econômicos (o aumento de braços para o trabalho sem remuneração nos clãs), já não se justifica.

Embora ainda seja praticada nas populações muçulmanas do Norte da África e em grande parte da Ásia, pela predominância do apetite carnal sobre o senso moral de homens ricos, que se dão ao luxo de sustentar várias esposas e numerosa prole, tende a desaparecer pouco a pouco, com o aperfeiçoamento das instituições.

E isto acontecerá porque a poligamia não corresponde aos desígnios da Providência Divina e por esta razão jamais foi possível generalizar-se na face da Terra, face à relativa igualdade numérica dos sexos.

A ordem natural e inerente à espécie humana é a monogamia, visto que tendo por base a união constante dos cônjuges, permite se estabeleça entre ambos uma estreita solidariedade e é também o que possibilita que os pais dêem aos filhos a estabilidade e a segurança de que eles necessitam para um desenvolvimento normal de suas personalidades. O casamento monogâmico é pois, o instituto que melhor satisfaz aos planos Divinos, no sentido de preparar a família para uma convivência de paz, alegria e fraternidade.


Ä Compromissos afetivos

"O dever íntimo do homem fica entregue ao seu livre arbítrio. O aguilhão da consciência guardião da probidade interior, o adverte e sustenta; mas, muitas vezes, se mostra impotente diante dos sofismas da paixão. Fielmente observado, o dever do coração eleva o homem. Porém, como determiná-lo com exatidão? Onde começa ele? O dever principia sempre, para cada um de vós, do ponto em que ameaça a felicidade ou a tranqüilidade do vosso próximo. Acaba no limite que não desejais ninguém transponha com relação a vós. (Cap. XVII - item 7 - O Evangelho Segundo o Espiritismo).

Se examinarmos, hoje, os conflitos no campo da sexualidade que atinge a humanidade e constatando os absurdos que se praticam em nome do amor, vamos verificar que os problemas do equilíbrio emotivo de hoje sempre existiram nesta nossa Terra. Entretanto, temos a absoluta certeza que as Leis do Universo terminarão por se inscreverem a caracteres de luz, em nossas próprias consciências. E essas Leis determinam que amemos os outros tal qual nos amamos.

"Para que não sejamos mutilados psíquicos, urge não mutilar o próximo". Essa frase explica muito bem quais são as bases em que se devem assentar as nossas relações afetivas com o nosso próximo e os deveres e responsabilidades decorrentes dessas relações principalmente quando se situam na área da sexualidade. Vejamos o que nos fala Emmanuel a esse respeito :

"Toda vez que determinada pessoa convide outra à comunhão sexual ou aceita de alguém um apelo neste sentido, em bases de afinidade e confiança, estabelece-se entre ambas um circuito de forças pelo qual a dupla se alimenta psiquicamente de energias espirituais, em regime de reciprocidade. Quando um dos parceiros foge ao compromisso assumido, sem razão justa, lesa o outro na sustentação do equilíbrio emotivo, seja qual for o campo de circunstâncias em que esse compromisso venha a ser efetuado. Criada a ruptura no sistema de permuta das cargas magnéticas de manutenção de alma para alma, o parceiro prejudicado, se não dispõe de conhecimentos superiores na auto defensiva, entra em pânico, sem que se lhe possa prever o descontrole que, muitas vezes, raia na delinqüência. Tais resultados da imprudência e da invigilância repercutem no agressor, que partilhará das conseqüências desencadeadas por ele próprio, debitando-se-lhe ao caminho a sementeira partilhada de conflitos e frustrações que carreará para o futuro." (Emmanuel - Vida e Sexo).

Assim como, na esfera da vida material, a justiça humana busca punir aqueles que roubam os bens alheios, a Justiça Divina alcança também os contraventores da Lei do Amor e determina se lhes instale nas consciência os reflexos do saque afetivo que perpetuam contra os outros. Daí podemos ter absoluta certeza de que não fugiremos dos compromissos assumidos no campo sentimental, injustamente menosprezados e que resgataremos, em tempo hábil, parcela a parcela, toda a pilhagem afetiva que fizermos contra o outro, pela contabilidade dos princípios de causa e efeito - Aprenderemos através de processos trabalhosos, até exonerar o próprio espírito das mutilações e conflitos adquiridos pela irreflexão e egoísmo, que nunca lesaremos a outrem sem lesar a nós mesmos.


Bibliografia:


Kardec, Allan – O Livro dos Espíritos – Parte Terceira – Das Leis Morais – capítulo IV – Da Lei de Reprodução, perguntas 687 e seguintes; demais perguntas relacionadas: 291 – relações de simpatia e de antipatia entre os Espíritos. Metades eternas.

Kardec, Allan – O Evangelho Segundo o Espiritismo – Cap. XVII – O Dever; Cap. XXII – O Divórcio.

Kardec, Allan – A Gênese – Capítulo II, item 3, n.º 11. Espíritos Felizes – Relato de Sanson.

Calligaris, Rodolfo - As Leis Morais – a Lei de Reprodução; o Aborto; Celibato, poligamia e casamento monogâmico – páginas 70 à 81.

Franco, Divaldo Pereira – Após a Tempestade. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. Capítulo 10 – Anticonceptivos e planejamento familiar.

Xavier, Francisco Cândido – Ação e Reação. Pelo Espírito André Luiz. Capítulo XV – Anotações oportunas.

Xavier, Francisco Cândido – O Consolador. Pelo Espírito Emmanuel. Perguntas 40, 81, 85, 66.

Xavier, Francisco Cândido – Vida e Sexo. Pelo Espírito Emmanuel. Capítulo 6 – Compromisso afetivo; cap. 3 – Namoro; cap. 7 – Casamento.

Peralva, Martins – O Pensamento de Emmanuel. Capítulo 18 – Aborto delituoso; Cap. 27 – Casamento e Sexo.

Teixeira, José Raul – Vereda Familiar. Pelo Espírito Teresa de Brito. Cap. 8 – Separação e consciência.

Vida, sim á gravidez – FEB – AME-PR

Apostila do Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita – FEP – Federação Espírita do Paraná. Unidade III – Das Leis Morais, subunidade 4 – Da Lei de Reprodução.

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